terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Aécio, caudilhismo, e mais uma tese vagabunda

Para Aécio "foi-se o tempo em que uma, duas, ou três pessoas indicavam os candidatos do partido". E completa: "É preciso que o PSDB inverta um pouco essa lógica(...)". E ao que parece, Aécio está decido a complicar muito as coisas para seu partido, em particular, e a oposição, como um todo. Vai acabar conseguindo.

Diante da situação política que não lhe é favorável, o governador parece estar determinado, como ele mesmo diz "inverter um pouco essa lógica". E a primeira inversão que ele faz é escolher como adversário a cúpula do PSDB, tentando em nome de uma dita autocrítica fragilizar e constranger as lideranças mais importantes de seu partido. Aécio age de forma inconseqüente porque ele está se lixando para o PSDB como partido e conta com a variável tempo (idade) ao seu favor. Ao seu modo, Aécio vai se tornando mais um caudilho latino-americano, uma liderança personalista como tanto outros.

Não, não é nenhum exagero dizer isso, não senhores. Aécio já demonstrou por atos e palavras que o que importa é seu projeto de poder - seja "pós, ante ou com o Lula". Sendo assim, qual seria o problema de implodir a oposição agora, nenhum não é mesmo? Vejam que ele está aumentando dia após dia a tensão interna. Ao mesmo tempo mantem-se como alternativa pmdbista, se vier com as bençãos do Planalto.

Aécio faz o velho jogo do caudilho que apela ao povo, ele diz que é preciso "dar mais ouvidos ao Brasil como um todo, com as suas diferenças, com as suas angústias. Só assim nós nos reaproximaremos do Brasil que queremos governar." E mais: "(...) O candidato será aquele que tiver melhores condições de incorporar esse projeto, tirar da população brasileira confiança(...)" Que coisa, heim? Seria o caso de perguntar por que essa fórmula não valeu para escolher o candidato a prefeito de BH, o "da convergência"?. Ah, mas o que Aécio tá querendo é que se faça as prévias. Não é, não. Isso o Serra já topou. O que quer Aécio é provocar um racha em seu partido e jogar a opinião pública contra "esses caciques do PSDB e DEM, que só ficam tramando entre eles”. Eta gente malvada! Bom é o Lulécio, né?

Aécio tenta, sim, destruir a lógica natural da construção política porque vê José Serra crescer e se tornar a cada dia mais imbatível, com prévia ou sem prévia. Então ele pensa, o melhor a fazer é dinamitar isso tudo e zerar o jogo. Como ele tem a seu favor o fator tempo, se conseguir reerguer a construção para agora, bem, senão, fica para 2014. Repare que ele canta a derrota, atribuindo ao centralismo da cúpula (ah, e até se incluiu para credibilidade a sua tese) do PSDB, o fato de o partido ter sido derrotado nas últimas eleições - o PSDB "cansou de perder eleições" por causa da centralização. Ou seja, ele tá fazendo uma ameaça direta: ou ele é o candidato ou se vai perder a eleição.

Leiam a matéria da Folha, base para o meu comentário acima:
Por PAULO PEIXOTO da Agência Folha, em Belo Horizonte:Aécio defende descentralização na escolha do candidato do PSDB de 2010
O governador tucano de Minas, Aécio Neves, atribuiu hoje ao centralismo da cúpula do PSDB o fato de o partido ter sido derrotado nas últimas eleições. Ele defendeu a descentralização da escolha do candidato tucano em 2010 --jogando para as bases do partido essa definição-- e disse que o PSDB "cansou de perder eleições" por causa da centralização.
A declaração foi em resposta a um questionamento sobre o papel do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na escolha do candidato a presidente, durante entrevista em evento do setor rural em São José dos Pinhais (PR). À noite, Aécio tem encontro com FHC, em Belo Horizonte.
Aécio disse que FHC terá "papel muito importante" nessa decisão por ser uma "liderança respeitável" no partido."
Mas foi-se o tempo em que uma, duas, ou três pessoas indicavam os candidatos do partido", disse Aécio. "O PSDB cansou de perder eleições, até porque as decisões foram muito centralizadas, e eu faço aqui até a minha mea culpa, eu participei de algumas dessas decisões", afirmou o governador.
Não foi a primeira vez que Aécio criticou as decisões de cúpula no PSDB, incluindo-se entre os caciques centralizadores. Mas foi a primeira vez que ele atribuiu as derrotas eleitorais a essa centralização.
"É preciso que o PSDB inverta um pouco essa lógica e passe a dar mais ouvidos ao Brasil como um todo, com as suas diferenças, com as suas angústias. Só assim nós nos reaproximaremos do Brasil que queremos governar", afirmou.
Nos bastidores do PSDB mineiro, FHC é visto como um defensor da candidatura presidencial do governador de São Paulo, José Serra. Aécio tem contra si dentro do partido o fato de Serra ser o tucano mais bem colocado nas pesquisas de intenções de voto, mas vem tentando se manter forte nesse embate interno com uma pregação que busca atrair as bases tucanas e aliados externos.
Ele vem repetindo, a cada fala sobre 2010, que o PSDB precisa definir um projeto para defender na sucessão.
Os potenciais candidatos tucanos fariam suas campanhas internas sustentados nesse projeto e buscando atrair outros partidos. As bases do PSDB escolheriam um nome que melhor agregasse apoios em torno desse projeto do partido.
"Ninguém será candidato apenas porque quer ser. O candidato será aquele que tiver melhores condições de incorporar esse projeto, tirar da população brasileira confiança e tiver capacidade de agregar outras forças políticas no seu entorno. Eu falo com muita objetividade. Acho que temos vários instrumentos e um deles que não pode ser desprezado são as prévias partidárias."

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3 comentários:

Anônimo disse...

Excesso de esperteza engole o dono não é mesmo? E excesso de cálculo desanda o caldo. Que coisa não? O "minino" deu pra fazer besteira uma atrás da outra, e cá nas gerais todo mundo fecha os olhos prás "peraltices" dele. Acho que ele tá tecendo a rede pro próprio aprisionamento.
Parabéns pela lucidez.
ggsjdr,mg.

Anônimo disse...

Aécio = Eu, eu, mais eu...

Anônimo disse...

Bom dia Leo,

O Aécio tem um projeto personalista. Achou que a aliança com o PT em BH seria um golpe de mestre, mas falhou. Derrotado, agora lhe resta tentar desgastar o provável candidato e a cúpula do partido.
Lamentável.