sábado, 13 de dezembro de 2008

'Crescimento zero será bom resultado para o Brasil em 2009'

Leandro Modé - O Estado de S. Paulo:
PESSIMISMO - Mundo enfrenta a pior recessão do pós-guerra, diz Rogoff
SÃO PAULO - O americano Kenneth Rogoff, de 55 anos, é um dos mais respeitados economistas do mundo hoje, o que não significa dizer que seja unanimidade. Suas posições ortodoxas, muitas vezes expressas de uma forma contundente, nem sempre agradam ao interlocutor. Em 2002, quando era economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), envolveu-se em uma polêmica pública com o ex-economista-chefe do Banco Mundial e ganhador do Prêmio Nobel, Joseph Stiglitz. O tema da contenda era globalização.
Talvez pelo cargo que tenha ocupado, Rogoff procura manter-se atualizado sobre a economia de vários países, entre eles o Brasil. Esse conhecimento dá a ele a certeza de que o mundo está em meio à pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Nessa conjuntura, ninguém vai escapar ileso. Por isso, avisa: o Brasil deve dar-se por satisfeito se não enfrentar uma recessão em 2009. "Crescimento zero será um bom resultado, levando-se em conta o ambiente global", diz. Rogoff, que hoje leciona na Universidade Harvard, conversou com o Estado, por telefone, durante uma viagem de trem de Boston para Nova York.
Em um artigo publicado há duas semanas, o sr. disse que o maior problema dos países ricos é a recessão. Por isso, eles devem deixar os juros em segundo plano. O que dizer de países emergentes, como o Brasil?
Os países emergentes têm muito menos espaço para políticas contracíclicas do que os Estados Unidos e os efeitos da inflação são mais danosos. Nos EUA, a inflação reduz o valor real das dívidas e pode ser parte da solução dos atuais problemas. O Brasil não tem esse problema. Além disso, como a inflação no Brasil já é elevada, o Banco Central está entre a cruz e a espada.
Como assim?
A economia global está apenas entrando na pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. As commodities estão despencando e o mercado de crédito secou. Ou seja, é uma situação extremamente difícil e perigosa. O crescimento no Brasil certamente vai desacelerar. Mas, ao mesmo tempo, a inflação permanece elevada. Isso deixa ao Banco Central um espaço menor para responder como gostaria (à desaceleração). Além disso, o real depreciou-se fortemente. Reduzir a taxa de juros desvaloriza o real à frente. Mas, como as taxas de juros estão caindo rapidamente mundo afora, o Banco Central brasileiro acabará reduzindo dramaticamente o juro no País.
Quando?
Em breve (risos). Ainda que o Brasil esteja às voltas com preocupações inflacionárias, a economia global enfrenta o risco de deflação. Isso ocorre nos EUA, na China e na Europa. Os preços das commodities estão despencando e a produção industrial está caindo. Ou seja, o Brasil sentirá tudo isso muito em breve. Quaisquer que sejam as pressões inflacionárias, hoje, no País, elas serão revertidas em breve. Não sei por que o Banco Central brasileiro não está antevendo isso ainda. Não sei para onde eles estão olhando. Mas é difícil imaginar que o Brasil não terá uma forte queda da inflação no ano que vem, dado o ambiente internacional.
Qual sua projeção para o crescimento do Brasil em 2009?
Crescimento zero será um bom resultado, levando-se em conta o ambiente global.
Mas as pessoas aqui falam algo entre 2% e 3%.
Elas são otimistas. A economia global está afundando muito rapidamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Está aí um fato que é sonegado de todos nós constantemente, ou seja, que já vivemos um processo inflacionário sem precedentes, mas que é mascarado pelos altos juros.

Sim, quem não vê a inflação no Brasil é aquele que não vai aos supermercados.

Motivo: gastos excessivo e descontrolados do desgoverno do Bolivariano da Silva.

Se a recessão nos pega, estaremos a um passo da depressão econômica com inflação, já que é aquela situação de quebradeira generalizada das empresas.

Se o desgoverno do Bolivariano da Silva já vem fazendo alta inflação e não temos mais créditos externo para financiar gastos com infra-estrutura, como disse que irá fazer, só lhe restará expropriar ativos da empresa sumariamente, já que vem fazendo isto via impostos altíssimos.

Em suma, o apedeuta está sem margem de manobras e hoje nosso maior problema não é a crise econômica internacional, mas o fato de que temos um governante populista que gasta diuturnamente montanhas de dinheiro comprando votos via empreguismo e assistencialismo.

Portanto, nossa situação é muito pior do que dos outros emergentes.