segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

"Marola na arrecadação" - Governo quer intimidar as empresas

O artigo "Marola na arrecadação", fala da blitz que a Receita prepara para as empresas. Vittorio Medioli, um dos maiores empresários mineiros, sintetiza a atitude do governo diante das dificuldades que as empresas enfrentam com a crise: INTIMIDAÇÃO.
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Será que o Ministério da Fazenda não previu em decorrência da crise, definida por Lula de marola, uma forte queda de arrecadação? Acreditava que tributos continuassem a crescer no quintal de empresas paradas?

Até então agiu de costas para o óbvio. Assustou-se no fim de semana com dados preliminares que apresentam uma queda de arrecadação, em novembro, de R$ 3,2 bilhões, cerca de 6% a 7% a menos que no mês anterior. O Planalto deu assim sinal verde para a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, desencadear uma operação padrão de fiscalização nas 400 maiores empresas do país. A operação tem como arma principal a intimidação, "Ou você dá um jeito de pagar ou vou contestar até pêlo em ovo que não existe". A síntese do rugido da secretária do Leão, vazado à imprensa pelo Estadão na edição de ontem, é essa. Forçar empresas a pagar o que não têm em seu caixa.

Existem no meio delas algumas que lutam para não serem arrastadas, agora, pela marola que chegou a grau de tsunami, pegas de surpresa com a quebra do círculo virtuoso do crescimento. Debatendo-se entre comprometimentos cambiais, empréstimos, demissões e inadimplências, alguns grupos econômicos que pareciam destinados a se expandir como galáxias estão se apagando como fogueiras de São João. Outros ainda procuram desesperadamente galhos para não serem levados pela marola/tsunami.

O corte de crédito e a queda de faturamento destroçaram o fluxo de caixa das empresas, nisso a primeira medida é deixar de recolher impostos. Já as outras alternativas, deixar de pagar fornecedores e empregados, aniquilam de imediato a possibilidade de um dia, com a ajuda dos deuses, honrar os impostos. Nas prioridades do naufrágio, o imposto é o último a ser considerado ou primeiro é a sobrevivência. Mas não é só isso, em outubro e novembro a crise que aterrissou no Brasil se traduziu numa queda de produção sem precedente. Faltando assim o "fato gerador", ou as vendas, não haverá imposto a recolher. Claro.

Quer dizer que o governo terá que fazer o que sempre se recusou a fazer, cortar despesas e se encolher (ou quebrar também) como as empresas e os contribuintes estão fazendo a duras penas.

Aliás, para uma fábrica de mordomias e desperdícios como é a União, cortar R$ 3,2 bilhões por mês, a começar de um simbólico, mas indispensável exemplo da Presidência, passando pelo Congresso e seus membros, para se chegar aos apinhados ministérios, é muito mais fácil que equacionar os problemas da depauperada e periclitante economia real.

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