Bem, prosseguindo o post que interrompi, não creio que o governo Lula tenha hoje a coragem e, muito menos, competência para promover uma mudança estrutural do modelo econômico, que poderia levar o país a uma taxa de juros mais civilizada. Se há uma coisa que esse governo já provou foi seu conservadorismo. Ah, então eles são conservadores? De uma certa forma sim. Mas, porque eles não sabem mesmo como fazer as mudanças, assim, se agarram, melhor, se apropriam do modelo recebido como fizeram.
Aproveito ensejo econômico para tratar também das medidas do governo para tentar atenuar a crise. Das medidas adotadas que vejo como as mais positivas estão a redução do imposto de renda para pessoa física e disponibilização de recursos das reservas internacionais brasileiras. A redução de impostos é sempre muito bem vinda porque ela além de reduzir a carga tributária, obriga o governo ajustar a despesa a receita menor. E esse governo precisa diminuir a gastança reduzindo sensivelmente o peso da maquina.
Já a disponibilização dos recursos em dólares para as empresas tomarem de empréstimo evita uma súbita pressão sobre o câmbio, o que provocaria mais do que a elevação da moeda uma instabilidade ruidosa. Por outro ângulo, as empresas podem manter integralmente ou em pelo menos em parte o investimento planejado antes da crise. O investimento mais que o consumo é a força motriz que garantira que o país saia o mais rápido possível da crise.
Quanto as medidas de redução do IPI para compra de carros eles atendem ao segmento automotivo e deixando muitos setores a ver navios. Já a redução do IOF para empréstimos tem um caráter de promover o consumo através do endividamento, o que eu não vejo como saudável. O empréstimo mesmo com essa diminuição do valor do IOF é muito caro, porque os juros básicos no país são extorsivos como já dito neste mesmo texto. Assim, vejo que o estimulo a tomada de empréstimo é um equivoco no médio prazo, uma vez que reduz com o pagamento de juros a capacidade de compra do consumidor. E vejam, isso tem um efeito maliguino sobre o comprador no primeiro momento e depois sobre a economia. Por quê?
Explico: antes uma pergunta, qual é a origem desta crise? Os financiamentos exagerado de bens imóveis que provocou um endividamento insustentável do consumidor americano, não é? Quer dizer, vamos aplicar a receita que levou ao colapso a maior economia do mundo? É o que parece.
Não senhores, estimular o endividamento é um erro grave. Quem tem poupança e compra à vista consome muito mais durante a sua vida, sobretudo, num país que tem juros que chegam a dobrar o valor das mercadorias financiadas. Por que não estimular modalidade de consórcios, um sistema genuinamente tupiniquim que deu certo para o financiamento do consumo. Melhor, sendo um instrumento alternativo ao empréstimo, ele ajuda diminuir o spread bancário. Só mesmo posso compreender esse estímulo ao endividamento bancário pela CIA LULA & SILVA como mais um ato populismo. É tudo pra popularidade e sífu pro consumidor, né Lula?
Um comentário:
O Piloto automático quebrou.
Agora passamos a precisar, realmente, de um estadista. De alguém com discernimento necessário para o sim e para o não, para trocar popularidade por seriedade, para assumir ônus sem bônus, para inspirar confiança e não apenas simpatia, para pensar primeiro no Brasil e depois, bem depois, nas eleições de 2010 e nas geopolíticas do Foro de São Paulo. A utopia, sabemos, já foi para o saco há muito tempo. Mas e se a noite esfriar? E se o dia não vier? Não perguntem ao Drummond, que já morreu. Você sabe, não sabe?
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