Por Vittorio Medioli, no O Tempo:
Um exemplo estarrecedor
Legiões de brasileiros estão voltando à miserabilidade, não só segundo os parâmetros de renda individual abaixo de US$ 1 por dia, distorcidos nos últimos anos pela supervalorização do real, mas pelo desemprego real que desaba nestes dias sobre milhões de trabalhadores.
Louváveis as medidas federais e estaduais de desoneração tributária, porém tardias em relação a uma crise que perdura lá fora há mais de 6 meses.
Erguer a barragem depois da onda passar serve bem menos de quanto teria servido há alguns meses.
Nisso é interessante observar os nossos governantes que negavam desonerações a quem as cobrava alegando cinicamente que "A lei de Responsabilidade Fiscal impede uma renúncia se não tiver outro meio de compensá-la". Era uma balela esfarrapada. A cada mês os recordes de arrecadação garantiam plena liberdade ao governante para desonerar produtos e devolver competitividade a quem quisesse, e com justiça a setores que foram varridos pela concorrência dos importados.
E agora? Exatamente no momento em que a arrecadação está em queda como nunca, presidente e governadores se lançam numa corrida para desonerar. Ou mentiam antes em relação à impossibilidade de reduzir a carga tributária ou cometem um crime de irresponsabilidade fiscal agora. Ou como é mais provável são imprevidentes e abusados.
O Brasil perdeu no último mês "apenas" 37% do seu volume de exportações que se concentrava quase exclusivamente na venda de commodities. Analistas já apostam numa balança comercial deficitária em 2009, o que representará uma escalada do dólar acompanhado de um surto de inflação. Ainda teremos que importar muitos produtos que o Brasil não produz mais, pois optou para se livrar por uma política fiscal suicida de setores que transformam, agregam rendas e empregam mais que outros.
Tem mais, ainda no Brasil não chegou a terceira onda da crise, que já ocorre nos EUA e na Europa, representada pela desaceleração de atividades que o desemprego interno provoca. Dos "supérfluos" a segunda onda atinge os de "primeira necessidade" e deságua no setor agrícola. Portanto, inadimplência, desemprego, aumento da violência ainda estão por vir, especialmente nos meios urbanos onde o Brasil já é recordista mundial.
É verdade que o país tem condições de se recuperar primeiro que outros, mas não está a salvo de conseqüências imediatas e até mais graves que outros, menos aquinhoados de recursos naturais.
Não bastasse, temos uma praga adicional: os nossos políticos, refratários aos sacrifícios, incapazes de proporcionar um exemplo cortando suas gorduras. Eles nos últimos dias manobraram da forma mais sórdida para aumentar seus proventos, cargos e despesas - logo eles, que são os mais supérfluos entre os supérfluos, o que mais precisaria se cortar.
Um exemplo estarrecedor
Legiões de brasileiros estão voltando à miserabilidade, não só segundo os parâmetros de renda individual abaixo de US$ 1 por dia, distorcidos nos últimos anos pela supervalorização do real, mas pelo desemprego real que desaba nestes dias sobre milhões de trabalhadores.
Louváveis as medidas federais e estaduais de desoneração tributária, porém tardias em relação a uma crise que perdura lá fora há mais de 6 meses.
Erguer a barragem depois da onda passar serve bem menos de quanto teria servido há alguns meses.
Nisso é interessante observar os nossos governantes que negavam desonerações a quem as cobrava alegando cinicamente que "A lei de Responsabilidade Fiscal impede uma renúncia se não tiver outro meio de compensá-la". Era uma balela esfarrapada. A cada mês os recordes de arrecadação garantiam plena liberdade ao governante para desonerar produtos e devolver competitividade a quem quisesse, e com justiça a setores que foram varridos pela concorrência dos importados.
E agora? Exatamente no momento em que a arrecadação está em queda como nunca, presidente e governadores se lançam numa corrida para desonerar. Ou mentiam antes em relação à impossibilidade de reduzir a carga tributária ou cometem um crime de irresponsabilidade fiscal agora. Ou como é mais provável são imprevidentes e abusados.
O Brasil perdeu no último mês "apenas" 37% do seu volume de exportações que se concentrava quase exclusivamente na venda de commodities. Analistas já apostam numa balança comercial deficitária em 2009, o que representará uma escalada do dólar acompanhado de um surto de inflação. Ainda teremos que importar muitos produtos que o Brasil não produz mais, pois optou para se livrar por uma política fiscal suicida de setores que transformam, agregam rendas e empregam mais que outros.
Tem mais, ainda no Brasil não chegou a terceira onda da crise, que já ocorre nos EUA e na Europa, representada pela desaceleração de atividades que o desemprego interno provoca. Dos "supérfluos" a segunda onda atinge os de "primeira necessidade" e deságua no setor agrícola. Portanto, inadimplência, desemprego, aumento da violência ainda estão por vir, especialmente nos meios urbanos onde o Brasil já é recordista mundial.
É verdade que o país tem condições de se recuperar primeiro que outros, mas não está a salvo de conseqüências imediatas e até mais graves que outros, menos aquinhoados de recursos naturais.
Não bastasse, temos uma praga adicional: os nossos políticos, refratários aos sacrifícios, incapazes de proporcionar um exemplo cortando suas gorduras. Eles nos últimos dias manobraram da forma mais sórdida para aumentar seus proventos, cargos e despesas - logo eles, que são os mais supérfluos entre os supérfluos, o que mais precisaria se cortar.
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