Por CRISTIANO MACHADO:
Foco do conflito agrário em São Paulo, o Pontal do Paranapanema (oeste do Estado) assiste à migração dos sem-terra e ao consequente esvaziamento de acampamentos, base para preparação de invasões e protestos por reforma agrária.As cidades de Iaras (282 km de SP) e Agudos (325 km de SP), no centro-oeste paulista, são os principais destinos das famílias, levadas pelo próprio MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Segundo o movimento, desde agosto de 2007 cerca de 150 famílias migraram para essas cidades, distantes 300 km do Pontal. Dessas, 78 foram assentadas. Em 2009, outras 150 devem migrar. "O Pontal agora é aqui. É aqui que está a oportunidade", disse o dirigente do MST Romildo Pereira, 43, um dos responsáveis pelo recrutamento das pessoas.
Segundo ele, outras cem famílias de Promissão, Itapeva, Andradina e até da Grande São Paulo vivem há pouco tempo no entorno de Iaras e Agudos à espera de um lote.
O principal interesse do MST pelo "Novo Pontal", como o lugar está sendo chamado, é a descoberta na região de um conjunto de 11 fazendas consideradas improdutivas que totalizam 4.600 alqueires.
"Como determina a Constituição, se a área é improdutiva e não cumpre seu papel social deve ser destinada à reforma agrária", disse Pereira.
Além disso, a cúpula do MST no Pontal admite que há outros dois fatores para a fuga dos sem-terra da região -que foi palco de 46,72% do total de invasões de fazendas em São Paulo nos últimos cinco anos, conforme o governo estadual.
O primeiro é o avanço da cana-de-açúcar na região, que torna a área produtiva e, consequentemente, derruba uma das principais justificativas para as invasões. O segundo é a tentativa do governo paulista de regularizar as áreas devolutas, o que poria fim a disputas jurídicas e ao questionamento sobre a legitimidade da posse das terras em poder dos fazendeiros. Assinante continue lendo, clique aqui
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