da Ansa, em Roma
O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, afirmou nesta sexta-feira que a responsabilidade pela concessão do refúgio político ao ex-ativista italiano Cesare Battisti é do Brasil, negando assim a influência do presidente francês, Nicolas Sarkozy, na decisão.
"Os boatos são consequentes da intervenção anterior a favor de uma outra terrorista. A interessada era a mulher do presidente (Carla Bruni), mas não há outros elementos sobre o tema e, por isso, acredito que a responsabilidade é do Brasil", disse o ministro ao comentar as notícias de que o governo francês havia intercedido junto ao Brasil a pedido de Fred Vargas, amiga de Battisti e da primeira-dama da França, Carla Bruni.
Em entrevista ao programa de TV "Panorama del Giorno", La Russa, porém, voltou atrás em suas declarações feitas na quinta-feira, de que iria à embaixada brasileira reclamar sobre o caso, explicando que o necessário é que o Brasil "entenda que as relações bilaterais não serão as mesmas após esse insulto, essa ofensa".
Para o ministro, a principal "ofensa" não é ter concedido o refúgio, mas o motivo da decisão. "Disseram que se ele voltasse à Itália seria provavelmente perseguido, mas não se sabe por qual autoridade."
Também hoje a França voltou a negar que Sarkozy tenha interferido no caso. "Diferentemente de algumas declarações públicas a decisão referente a Battisti não tem importância à França e não foi solicitada por Carla Bruni e nem por Sarkozy ao governo brasileiro", ratifica um comunicado do Palácio do Eliseu.
Ontem, o governo francês já havia desmentido que tivesse realizado qualquer tipo de interferência no caso, como haviam afirmado o advogado de Battisti, Eric Turcon, e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) em entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera".
Na última terça-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, decidiu pelo status de refugiado político, o que garante que Battisti deixe a prisão de Papuda, em Brasília. Tarso afirmou que sua decisão foi baseada na "existência fundada de um temor de perseguição" contra Battisti, que alega inocência.
O ex-ativista de extrema-esquerda, de 54 anos, foi condenado em 1993 na Itália à prisão perpétua por quatro assassinatos que teriam sido cometidos na década de 70 enquanto militava no Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), grupo ligado às Brigadas Vermelhas.
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