Para desenvolver
Os anos em que não há eleição são sempre menos agitados sob a perspectiva política do que outros. Mas 2009 deve ser diferente. O pleito acontece em 2010, porém o clima pré-eleitoral teve início no ano passado e tem tudo para estar acentuado em 2009. Não que a população esteja mais mobilizada em torno da discussão sobre o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também não se trata de um momento especial da política ou da economia brasileira. O barco continua navegando em águas calmas, apesar da crise econômica mundial.
O que há de diferente é o anseio da sociedade por um projeto de país que seja maior do que a política de redução de danos. Ou seja, há um desejo por um projeto estruturador que seja capaz de apontar para o desenvolvimento em longo prazo. Não é mais possível continuar apostando em programas de governo que sejam fundamentados em soluções imediatas e rasteiras, ainda que importantes, para problemas estruturais.
Não gratuitamente, durante a campanha eleitoral de 2008, a população indicou como preocupação questões como transporte coletivo, saneamento básico, tratamento de resíduos, além de saúde e educação, na maioria das capitais e cidades de médio porte.
Se haverá em 2010 um projeto para tantos problemas sérios é efetivamente uma dúvida ou, melhor dizendo, é quase uma certeza que não. A menos que as soluções estejam sendo gestadas secretamente, não existe nenhum indicativo de que grandes partidos e lideranças políticas estejam trabalhando para apresentar soluções estruturais.
Assim como também não há indícios de que a inteligência e a tecnicidade brasileiras estejam debruçadas nessas questões. As universidades e outras instituições destinadas a estudos e pesquisas parecem estar envolvidas no que poderiam ser chamados projetos de adequação. Nada que rompa com os muros e obstáculos da política de crescimento econômico e social possível e comedida.
Falta abusar, arriscar, ousar. Falta apostar em soluções de alto risco, desde que baseadas em estudos de viabilidade técnica e administrativa. O que não se pode é conter a chance do desenvolvimento nas amarras das dificuldades econômicas. Se o ano que começa ficar rendido no discurso do fazer somente o que é preciso e possível, como tem acontecido, não haverá avanços. É tempo de começar a investir em planejamento. Se o atual governo não tiver essa clareza, que a oposição a adquira para um feliz 2010.
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