Do O Tempo:
Brasília. A crise diplomática entre Brasil e Itália, por conta do refúgio concedido ao italiano Cesare Battisti, vem gerando novas repercussões na comunidade europeia. Ontem, o fundador do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Arrigo Cavallina, revelou detalhes de sua relação com o ex-militante Cesare Battisti.
"Recrutei Cesare Battisti no cárcere, ele já era um delinquente", contou Cavallina, que admitiu sentir "uma especial co-responsabilidade" pelo envolvimento de Battisti com o terrorismo de esquerda.
Cavallina afirmou ter conhecido Cesare Battisti em 1977 no cárcere de Udine, no norte da Itália. "Tinha vontade de sair da sua condição e encontrar significados mais profundos", disse. "Para sua desgraça, ele acreditou tê-los encontrado na minha amizade e nas minhas orientações políticas", afirmou.
Considerado um dos ideólogos do PAC, Cavallina defendeu a extradição de Battisti. "Eu paguei, estive na prisão por 12 anos, mas ele como pode caminhar livre na rua?", questionou. Em entrevista ao jornal "Il Giornale", o fundador do PAC também falou a respeito da ideologia que movia os militantes do grupo no qual militava Battisti.
"Tínhamos produzido teorias que hoje fazem rir. Víamos em quem já praticava a ilegalidade um potencial de rebelião contra a venda da força de trabalho", disse Cavallina.
Tarso. A crise entre Brasil e Itália não trouxe ao ministro da Justiça, Tarso Genro, qualquer arrependimento sobre a sua decisão.
Tarso disse ontem que foi mal-interpretado em seu despacho quando falou que Battisti foi julgado com base em "leis de exceção". "Sobre o refúgio a Battisti, não me arrependo. No despacho que dei, fiz construções teóricas que foram tomadas de maneira equivocada", disse o ministro.
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