O campeonato é de pontos corridos, mas Aécio exige uma partida final

O PSDB e a oposição perdem um precioso tempo; Aécio faz marketing pra hoje e pra amanhã. Nos partidos de oposição DEM, PPS e no PSDB, - onde Serra dá de lavada em Aécio (14 x 1 de preferência), como mostrou a matéria da Folha -, e até entre os partidos que estão governistas, mas possuem boa parte de seus quadros alinhados com a oposição, José Serra é consenso. Nada disso, entretanto, remove a resistência de Aécio em obrigar a oposição a passar por um processo desgastante de disputa interna.

É uma situação bastante complicada. Porque Aécio além de exigir a tal prévias, ainda faz jogo duplo, tentando manter o PMDB como uma alternativa caso as coisas deem errado no partido ao qual ele está filiado. É um jogo que se aceito pela oposição, Aécio vence de qualquer maneira e a oposição perde de qualquer jeito. Explico. A própria aceitação desse jogo significa uma vitória de Aécio Neves sobre o conjunto da oposição, que perde um precioso tempo e despende uma valiosa energia. Diga-se: uma energia inútil.

Esse tempo e essa energia deveriam ser usadas para consolidar a aliança entre os opositores -, na definição de candidaturas estaduais... - e, sobretudo, no confronto de posições políticas com o governo. Isso ajudaria a aclarar as diferenças perante a opinião pública, minimizando o impacto da máquina federal durante a eleição.

Mas reparem, amigos, Aécio não aceita o processo em curso ele quer a partida final: as prévias. Se não, veja. Serra saiu fortalecido da eleição municipal; Aécio enfraquecido. Serra tem o forte apoio do DEM, do PPS e da parte boa - se é que me entendem - do PMDB. José Serra também derrotou Aécio na disputa por Alckmim. Mas Aécio faz de conta que não esta acontecendo nada e tenta impor uma partida final, apesar do campeonato ser de pontos corridos.

Em dezembro eu fiz um post onde perguntava: Serra vai se tornar o presidente do Brasil? Comentando a vinda de Fernando Henrique à Minas para "alisar" Aécio, com base em uma matéria do Jornal O Tempo eu escrevi:

Ou seja, essa história de FHC "alisar um e alisar outro" vai é ser usada pela turma do Aécio para, como eles mesmos dizem "incendiar", o problema que estão falando literalmente. Eles vão acabar conseguindo queimar tudo. "Briga tucana agora é pra valer" essa é chamada da reportagem que dá bem a disposição que tem o pessoal do Aécio pela luta interna. E a vinda de Fernando Henrique a Minas para fazer o papel do avô que passa a mão na cabeça, foi providencial para "neto mineiro". Se FHC acha que vai conseguir amaciar o mineiro, tá muito enganado. Aécio não tá nem aí para o tal consenso. E mais, ele agora depois de ter sido "alisado" pode continuar seu jogo malandro "pós-lulismo" e arteiro criando um incêndio interno.
Por fim, e voltando a questão principal: O que vai acontecer daqui há dois anos, Serra vai se tornar o presidente do Brasil? Resposta: se as lideranças do PSDB trocarem adulação por uma atitude mais firme, quem sabe?

De volta. Como eu disse naquele post FHC não conseguiu nada em adular o governador mineiro, agora mudou de tom e critica as viagens que Aécio quer fazer pelo País. Sabe o que vai conseguir dessa vez? Nada também. Repito o que eu disse Aécio não tá nem aí, ele vai perpetuar o seu jogo.

"E então, qual é a saída que você acredita que existe?". Acabar com o jogo. Sim, a oposição e o PSDB em particular tem que encerrar o jogo e deixar o Aécio espernear. Tem que reunir e decidir: NÃO FAREMOS PRÉVIA E O NOSSO CANDIDATO É JOSÉ SERRA. Tomar essa decisão o mais breve possível e aí ver qual é a de Aécio e não ser refém dele. Aqui é valido usar a palavras do Kennedy Alencar. Vejam que quando o jornalista da Folha de São Paulo deixa de lado os realises ele produz boas coisas, leiam um trecho do seu texto, falando da ameaça velada de Aécio:

Rapidamente, aecistas propalaram uma ameaça. Serra deve tomar cuidado para não ferir o colega de partido. Se passar o rolo compressor, Minas Gerais se vingará. Ora, Aécio é a liderança política mais importante de seu Estado, o segundo maior colégio eleitoral do país. Razoável supor que seu apoio seja fundamental para um projeto presidencial. Mas Minas não parece ser um curral eleitoral ou uma capitania hereditária.
Na eventualidade de Serra virar o candidato tucano, os eleitores de todo o país deverão fazer uma análise racional de suas propostas. Dificilmente o motivo do voto será uma vingança coletiva de Minas na hipótese de eventual derrota de Aécio na disputa tucana. (...)
O argumento da vingança mineira poderá se voltar contra Aécio. O atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, passou maus bocados quando o eleitorado achou que ele era um candidato teleguiado de Aécio e do ex-prefeito e petista Fernando Pimentel. Esse negócio de curral é meio antigo para um político tão jovem como o governador de Minas.

Fechando o expediente: ou se acaba com o jogo de Aécio, ou Aécio acaba com campeonato e ajuda Lula a engregar o troféu a Dilma.