domingo, 19 de abril de 2009

CONHEÇA A OPINIÃO SOBRE AS LÁGRIMAS DE DILMA ROUSSEFF, DITA POR QUEM CONHECE, BEM, OS MÉTODOS PETISTAS

Por Reinaldo Azevedo, da Revista Veja:
AS PRIMEIRAS LÁGRIMAS ELEITORAIS DE DILMA ROUSSEFF
Antigamente se fazia a piada de que toda candidata a miss tinha lido O Pequeno Príncipe e sabia de cor a geografia sentimental da raposinha. Lembram-se? A gente se torna eternamente responsável por aquilo que cativa... Há algum tempo já, um outro livro preenche a cabeça das beldades com a suspeita de profundidade: Quando Nietzsche Chorou. Não tenho a mais remota idéia sobre o conteúdo. Mas virou um best-seller. Estou pensando em escrever uma paráfrase: Quando Dilma Chorou.

A campanha, definitivamente, começou. Além da estratégia oficial de fazer de Dilma “um nome de Minas”, há um esforço para demonstrar que ela é capaz de endurecer, mas sem jamais perder a ternura. No lugar da guerrilheira que seguia os mandamentos da cartilha do terrorismo de Marighella — e ela deveria endossar aquele troço, já que pertencia à organização —, a sentimental que se emociona com a musicalidade da fala mineira.

Lágrimas funcionam na política brasileira — freqüentemente, mais do que a razão. Quem não se lembra de uma das peças de resistência da campanha de Lula em 2002, sob a direção de Duda Mendonça (aquele que confessou que recebeu parte do dinheiro da campanha em moeda estrangeira, no exterior, de modo ilegal)? A câmera abria e focava no “homem Lula”, no seu “lado gente”. Ele então começava a falar do sofrimento da primeira mulher, que morreu em decorrência de complicações pós-parto. Todo o encadeamento sugeria que, mulher do povo, tinha sido vítima do descaso — embora, tudo indica, tenha sido uma fatalidade.

E LULA, ENTÃO, CHORAVA. Seu drama pessoal servia ao circo da política. Suas lágrimas, no horário eleitoral gratuito, buscavam o quê? Voto! É a exposição do sofrimento que só faz sentido se tiver retorno. Escrevi à época que aquelas eram as piores lágrimas de Lula porque marcadas pelo óbvio oportunismo, pouco importando se seu sofrimento era ou não real.

A construção da “Dilma candidata” já começou. Até havia pouco, não se viam lágrimas em seu rosto. Ao contrário: no contanto pessoal, ela chega a intimidar com seu jeito, digamos assim, assertivo. OS ASSESSORES MAIS PRÓXIMOS E SERVIÇAIS SABEM SER DO TIPO QUE MAIS FAZ CHORAR DO QUE CHORA. Na organização de extrema esquerda de que participou, não havia, igualmente, tempo para lágrimas. Ao contrário: a tal cartilha do terrorismo, que servia de guia às organizações ditas guerrilheiras, prometia era provocar lágrimas nos adversários.
Mas Dilma chorou.

A lágrima tem um valor simbólico importante no governo. Há uma propaganda no ProUni no ar em que uma moça, dizendo-se pobre, mas estudante de medicina, anuncia seu interesse de cuidar dos velhinhos. Ora, claro, né, gente? Por que alguém com "origem popular" iria se interessar em virar médico para subir de vida? Isso é pecado! E a moça verte uma lágrima de emoção.

A lágrima assume, assim, a função de marcar a volta por cima do suposto oprimido, que teria chegado lá, invertendo o jogo. Mas não por egoísmo, que isso é coisa de direitista de olho azul. E sim por amor ao coletivo. A “oprimida” Dilma será a beneficiária da maior máquina eleitoral jamais montada no país. Nunca antes nestepaiz um partido conseguiu ter tal domínio do aparelho de estado. Mas está em curso a construção da personagem emotiva, capaz de encharcar com emoção a máscara de ferro. E, se preciso, será apresentada ao eleitorado, também, a Dilma que resistiu à ditadura na cadeira do dragão. A que seguia a cartilha de Marighella cumpriria à oposição apresentar. Mas isso não será feito por uma razão simples: os adversários do PT tem com ele o pudor que ele nunca teve com seus adversários. E isso é uma vantagem comparativa e tanto.

Essas são as primeiras lágrimas eleitorais de Dilma Rousseff. A primeira de uma cascata. Qurem apostar?

E vem por aí o filme com a vida de Lula. Que também promete arrebatar corações e votos. É aquele que não recorre à lei de incentivos, mas que conta com uma fila de candidatos a financiadores.

O QUE NÃO FALTA NO PAÍS É GENTE QUE ADORA FAZER ARTE.

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