sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mais do que um retrato do governo Maroca; o retrato da velha cultura da cidade

AMIGO LEITOR ESTE É UM POST AMBICIOSO, LEIA-O E VEJA PORQUE!
Vou começar com o "desabafo" do Sr. Ronaldo Andrade, em nota do Sem Reserva no jornal Sete Dias. Leiam:
Desabafo. O presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Ronaldo Andrade, pede paz – principalmente a determinados órgãos da imprensa – para trabalhar. Segundo ele, está tornando-se praxe comum de alguns veículos de só ouvir a reclamação dos moradores e não procurar a autarquia para também se manifestar. “O bom jornalismo ouve os dois lados”, lembra.

Bem, vamos então 'ouvir' uma manifestação desse Sr. Ronaldo sobre a situação do Saneamento em Sete Lagoas. Prestem atenção do detalhe da sua fala "problemas localizados" - texto está no jornal do Legislativo:

"A situação do abastecimento de água e do esgotamento sanitário do Municpio já é conhecida. Existem problemas localizados, coisas que não poderiam estar acontecendo mas este foi o legado que recebemos da adminsitração aterior"

No evento público em que ele fez esta manifestação - Reunião Saneamento Câmara - ele teve total liberdade para falar dos problemas e desabafar a vontade. Mas o que ele fez a exemplo do que vem fazendo essa administração e sempre fizeram os políticos locais: é mitigar os problemas. Se não, vejam leitor: O PROBLEMA DO SANEAMENTO EM NOSSA CIDADE SE TRATA DE "PROBLEMAS LOCALIZADOS"? Estranho não?, essa atitude de minimizar os problemas, que vejam só não são em sua maioria culpa da atual administração. Se em princípio não são os responsáveis pelo "legado", porque é que tentam abrandar e ocultar a realidade? A compreensão dessa atitude do governo Maroca é a chave para entender a cultura que sempre deu as cartas em Sete Lagoas. Em frente.

Você cidadão que vive em Sete Lagoas acha que os problemas de água e de esgoto em Sete Lagoas são localizados? É claro que são, não é mesmo?, localizados em cada uma das ruas de nossa cidade. Ora, a quem essa gente tenta fazer de bobo? O problema da infraestrutua de saneamento em Sete Lagoas não é só generalizado e nem muito menos, como quer o Sr. Ronaldo, localizado, mas sim, de colapso, de estrangulamento do sistema. As dezenas de problemas que ocorrem diariamente são a realidade consequência do colapso da infraestrutura do saneamento e da própria urbanização. "Bem, Leonardo, mas não deu para entender ainda a razão porquê do governo Maroca e os políticos de ontem não admiti a gravidade dos problemas?" Calma, já chegaremos lá.
Se lembram-se do que eu escrevi neste post aqui e que subscrevo uma parte a seguir em azul:

(...) O deficit estrutural vai da urbanização a educação. E, não é nenhum exagero afirmar que Sete Lagoas está em situação de calamidade pública. Faltam escolas, as que existem estão em péssimo estado de conservação; a saúde está na UTI, o único hospital público é precariamente equipado e funciona nas instalações de uma antiga escola, que mal foi adaptado para nova função. E o saneamento? Já é o caso intervenção superiror pelo grau de irresponsabilidade. A urbanização de ruas, calçadas e praças é péssima tanto na periferia como na área central e o estado de degradação é acelerado pela estouro diário e generalizado das redes de esgoto e água. O transporte funciona sem regulamentação e gerenciamento mínimo.
Bem, diante desse quadro, veio a eleição e a população imaginava que pelo menos um entre os postulantes ao executivo encararia a tarefa de apresentar um diagnóstico claro explicitando a gravidade da situação. Mais quê... Ninguém tocou de verdade nas feridas. Infelizmente a campanha nem roçou nos problemas, redundando em um espetáculo pasteurizado e alienante. Pena. Faltou um candidato com a coragem de dar um choque de realidade na população mostrando o estado das coisas e o porquê elas chegaram a esse ponto, revelando a magnitude e causa dos problemas. (...)

Retomo. Podemos até compreender porque o ex-prefeito e candidato a reeleiação Leone Maciel, não ter tocado profundamente nas feridas dos problemas revelando a gravidade das coisas e, sobretudo, o que era mais importante na eleição as causas antigas deste estado de coisas, mas para Maroca, Emílio e João Batista não existe desculpa. Essa pequena e importante digressão que faço ao tratar do pleito recente é para entender uma velha cultura política, como eu direi, da cidade, que pode mudar de cara: mais moderna, mais ou menos populista e, até como é o caso atual, mais elitista, entretanto, na essência é a mesma cultura.

Bem, entender o porquê Sete Lagoas mitiga suas próprias mazelas, é enfim, descobrir o segredo da Velha Cultura política da cidade. Maroca no caso só está seguindo com mais rigor e saudosismo a cartilha. O que vai em azul é um trexo de um post de março de 2008, que trato da alternância de poder em Sete Lagoas que muda de rosto para continuar como era antes.

Ao longo de décadas, a alternância do poder político em Sete Lagoas, pouco contribuiu para modificar alguns valores arraigados em boa parte da sociedade local. E entre os quais se destacam o patrimonialismo e protecionismo. Tais valores têm influenciado decisivamente, ainda hoje como ontem, o debate e o processo decisório tanto na esfera pública como no universo privado; tanto nas grandes como nas pequenas questões. E a conseqüência mais danosa dessa velha cultura é a de emperrar e/ou atrasar o progresso do município, das instituições, das empresas e das pessoas. (...) Mas isso atende ao interesse tanto de grupos diretamente beneficiados como aqueles que estão interessados em manter intactos usos, costumes e atitudes que compõem o lado arcaico da cidade. SÃO PESSOAS QUE ATÉ PODEM ESTAR NA "OPOSIÇÃO", MAS NÃO QUEREM MUDANÇAS NA VELHA CULTURA.
Então, leitor amigo, você já entendeu a mecânica da coisa? O segredo é não revelar a gravidade dos problemas. Porque assumir a dimensão assombrosa que tem os problemas de Sete Lagoas, é é ter romper com um acordo tácito entre os grupos que se revezam no poder de manter status quo, e assim ferir de morte a velha cultura política que vige até hoje. Dessa forma é preciso mitigar os problemas. Admitir a gravidade das coisas é ter enfrentá-las. E para enfrentá-los e vencê-los tem que se romper com a política que sempre atendeu aos grupos patrimônialistas, nunca o povo. O povo fica com as migalhas. Essa antiga política do compadrio é incompatível com os desafios que tem Sete Lagoas hoje. Revelar a realidade é o primeiro passo para transformação estrutural e mental que tanto Sete Lagoas carece. Entendeu, ou é preciso desenhar?

Se você quiser ajudar na tarefa de mobilização da população, faça uma cópia ou envie o post IRRESPONSABILIDADE I para um amigo. Assim você ajuda a fazer dos problemas de Sete Lagoas as causas do povo de Sete Lagoas.

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