Por Reinaldo Azevedo:
Vi o horário político gratuito do PT, certamente uma espécie de antecipação da campanha eleitoral do ano que vem, inclusive com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) falando de um país com “mais coração”. Pesquisas de opinião devem ter detectado que falta certo calor humano à companheira. Haja marketing. Por enquanto, soa falso.
As peças de resistência foram as maravilhas do PAC (aquele que já executou fantásticos 3% das promessas) e o programa de um milhão de casas (aquele que ainda não saiu do papel e que não tem prazo para ser concluído).
No mais, tome demonização do passado, no estilo de sempre. Um dos “crimes” apontados da gestão FHC foi, calculem, a privatização da Vale do Rio Doce — privatizada, cresceu algumas vezes e gerou milhares de novos empregos. Mas e daí?
Alguns leitores, às vezes até de boa vontade, indagam: “Por que tanta severidade com o PT?” Entre outras razões, por causa desse discurso vigarista. Demonizar as privatizações, a esta altura do campeonato, não é questão de divergência ideológica, mas de pilantragem intelectual.
E o mesmo se diga sobre o, digamos, espírito do programa. Antes, no governo FHC, dizem os petistas, o Brasil sucumbia às crises; agora, sai por cima das dificuldades. Até parece que, quando enfrentou aquelas dificuldades, o país não fez a coisa certa. Fez.
Reitero: um partido e um governo têm todo o direito de exaltar as suas qualidades — ou as que supõe ter — num horário político. Mas não pode fazer da mentira o seu norte moral. E os petistas e o governo fazem. E estou pouco me lixando se a sua popularidade é de 70%, 80% ou 120%… A maioria pode muita coisa. Mas ainda não consegue transformar uma mentira numa verdade.
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