O texto de Gilson Liboreiro publicado na revista Espaço Livre deste mês e que reproduzo abaixo desperta a atenção de cara pelo título - "Quero ser presidente do SAAE" -, afinal essa semana que passou se falou muito na queda do presidente do SAAE. Mas, suponho, que o autor tenha escrito o texto bem antes da polêmica. Ou seja, apenas uma coincidência.
Bem, seu texto que vem com um tempero sarcastíco tem o mérito de chamar a atenção para o sério problema de saneamento e a dependência de água mineral, que já é uma realidade hoje na cidade até para tomar banho em certas regiões da cidade. Ele também questiona como uma autarquia que não consegue nem tapar buracos vai conseguir elaborar um projeto arrojado de captação superficial de água, concordo e já falei disso aqui.
Mas discordo dele na questão essencial do texto, quando ele diz "que cada Setelagoano pensa no sagrado silencio de sua alma: QUERO SER PRESIDENTE DO SAAE." Tal raciocínio embute a ideia propagada que o problema do saneamento em Sete Lagoas é uma questão de boa administração do SAAE. Errado, não é. Por mais excepcional que seja a competência de um cidadão para tocar a Autarquia, ele estará impotente diante da capenga infraestrutura de saneamento versus a falta de expertise técnica e da escassez de grande volume de capital não oneroso para enfrentar o problema. Outro ponto que discordo é a realização do tal estudo hidrogelógico. Mas acho que ele está de parabéns por ajudar a colocar o tema em discussão. Leiam seu texto:
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sete lagoas, órgão vital para toda a população humana, animal e vegetal (faltou só a internal) , tão amado e tão odiado — quase famigerado- tenta encontrar sua direção, equacionar os enormes problemas com a captação e distribuição de água e a coleta de esgoto.
As bacias hidrográficas existentes do Ribeirão Matadouro e do Ribeirão São João, que correm respectivamente para o Rio das Velhas e Rio Paraopeba não estão para peixe, ou melhor não permite, salvo a realização uma grande obra, a captação de águas superficiais — ficando restrito ao abastecimento através do subsolo por meio da exploração de lençóis profundos, com a perfuração de poços artesianos.
Mas convenhamos, uma empresa, que apesar de contar com um excelente quadro de profissionais não consegue sequer planejar tapar os buracos; vai conseguir elaborar um projeto arrojado de captação de água no Rio das Velhas ou no Rio Paraopeba? E começar a rezar para o Sargento Garcia prender o Zorro, porque só depois a realização do projeto sai. E durma com mais de 100 poços artesianos, 28 sistemas, 29 injeções diretas na rede, 52 reservatórios — muito gato, uma panacéia de buracos e nenhum estudo de até quando o Aqüífero vai suportar.
Vai ser legal, se os mananciais se esgotarem, veja: 1) Para tomar banho; água mineral; 2) para lavar carro: água mineral; 3) para lavar calçadas: água mineral; 4) para beber; caldo de cana, caldo de cana ardente, Coca cola, guaraná, cerveja , vinho, caracu e caldo de mocotó, por que afinal ninguém é de ferro — ou melhor merece ficar a seco, sem molhar o bico.
Na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, a imprensa criou um boneco chamado João Buracão, que é colocado junto aos buracos das vias publicas — tremendo sucesso, não só como instrumento de critica, mas principalmente porque a Prefeitura do Rio tem buscado atender imediatamente aos chamados do João Buracão tapando o buraco — Bom seria se alguma associação, Ong ou Grupo da sociedade inventasse o JOÃO BURACÃO SETELAGOANO — Quem sabe assim, o Saae se importaria mais com a dificuldade dos cidadãos, que diuturnamente tem avarias em seus veículos por causa dos buracos — e tem sabidamente ocorrências com motos, bicicletas, pernas quebradas, joelhos machucados, pé torcidos — Ora, que venha o JOAO BURACÃO DO SAAE.
E para concluir seria bom trocar os papeis, todos os papeis, os diretores vão furar buraco; os bombeiros vão assumir as diretorias — os medalhões vão morar nas casas onde falta água e os sofredores onde falta água vão morar nas abençoadas casas onde não falta; porque afinal a população não entende tamanha inanição em tapar buraco e deixar faltar água.
É por toda esta insegurança e as incertezas que cada Setelagoano pensa no sagrado silencio de sua alma: QUERO SER PRESIDENTE DO SAAE.
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