Caros, vai abaixo um texto longo, com mais de 10 mil toques — “Onde já se viu isso em blog?” Ora, no meu. E com milhares de leitores, hehe. Trata de pesquisa eleitoral, cheio de números e tal. Mas acho que traz algumas considerações importantes, que servem à construção de um entendimento sobre política e opinião pública. Vamos lá.
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Mais uma pesquisa, desta feita da CNI-Ibope, divulgada ontem na Internet e hoje nos jornais, confirma a popularidade do governo Lula. Nada menos de 80% dos entrevistados disseram aprovar o governo. Mas também mais uma pesquisa confirmou a liderança do tucano José Serra na disputa presidencial de 2010: se as eleições fossem hoje, o atual governador de São Paulo teria 38% dos votos, contra 18% da petista Dilma Rousseff. Ciro Gomes (PSB) e Heloisa Helena (PSOL) vêm em seguida, tecnicamente empatados, respectivamente com 12% e 11% das preferências. Se Aécio Neves substitui Serra no PSDB, Ciro e Dilma ficam na dianteira, com 22% e 21%, e o mineiro empata com a candidata do PSOL: ele com 12%, e ela, com 11%.
Serra tem ainda um outro dado a seu favor: é o menos rejeitado. Dizem que não votariam nele de jeito nenhum apenas 25% dos consultados. A mais rejeitada é Heloisa Helena, com 40%, seguida de perto por Aécio (35%) e Dilma (34%). Ciro fica com 32%. Alguns que se metem a analisar o dado dizem que a menor rejeição de Serra se deve ao fato de ser o mais conhecido. Pode ser. Mas, se é assim, então os eleitores também sabem que ele pertence a um partido de oposição, não é? E, ainda assim, o querem na Presidência. Ademais, está para ser provada a relação causal entre desconhecimento e rejeição. Afinal, a depender do caso, quanto mais conhecido, mais rejeitado. Perguntem se Paulo Maluf sabe do que estou falando.
Dilma pesada
Sei bem que se exalta aqui e ali o formidável desempenho de Dilma. Acredito que isso se deva ao fato de que, convenham, ela não chega a ser uma figura exatamente carismática. Mais: foi tirada do bolso do colete de Lula, parida em sua mente divinal. E, como querem alguns, “já” está com 18%. Por que não “ainda está com 18%”? Exposição não lhe faltou e não lhe falta. Lula faz campanha eleitoral aberta a seu favor. Ela acaba de ser a principal estrela do horário político gratuito do PT, quando apareceu afirmando que “a diferença é que o PT tem coração”. E, no entanto, ousaria dizer que ela só tem 18%. “Ah, mas a campanha ainda não começou”. Não?
De todo modo, o horário político eleitoral, que costuma, sim, ter impacto (se bem que, em 2002 e em 2006, Lula largou e continuou na liderança), ainda não começou. Mas não começou para ninguém. Nem para Serra. Hoje, evidentemente, nesse particular, a desvantagem é dele. Na TV, Dilma está no noticiário nacional — Serra, quando muito e quando está, apenas no local. Mais ainda: a ministra não tem de enfrentar notícias negativas de greves promovidas pelo PT e pela CUT; ele tem. O argumento de que tudo muda quando começa a campanha tem validade relativa. Dilma está em todo o Brasil. Serra não chega ao Nordeste, por exemplo. Reitero: está para ser provada essa relação de causa e efeito entre “conhecimento/rejeição”. Na campanha eleitoral, Dilma terá de passar por uma repaginada e tanto para que, então, mais conhecida, possa ser menos rejeitada. Alguém está preparado para a possibilidade de que aconteça o contrário? Leiam mais aqui
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