A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades está exigindo de Sete Lagoas a outorga dos poços artesianos, para avaliar a proposta de interligação dos poços como forma de acabar com a falta d’água. E, claro, depois disso vai iniciar uma análise criteriosa, avaliando não só o projeto em si, mas, sobretudo, se este é o projeto correto – que a cidade precisa. E estou certo que o Ministério das Cidades vai chegar fácil a conclusão que este é um projeto errado. Aliás, a “olho nu” se vê que projeto (idéia) de interligação é um equivoco que pode levar ao desperdício do investimento federal. Vejamos.
A prefeitura propõem interligar os poços artesianos prometendo que assim vai resolver “de vez o problema com a falta de água.” A lógica simples segundo o engenheiro Geraldo Guaraci seria que “Isso significa que a região de maior produção estará atendendo a que produz menos”. Será esse o caminho para a cidade de Sete Lagoas solucionar o grave problema do abastecimento de água que está em estado de calamidade pública já há alguns anos, e agora como diz o advogado Teodoro Francisco Chagas, do bairro Catarina, “está passando dos limites”?
Não esse é o caminho que arrebenta com a lógica e põe a cidade a beira do precipício. É um apagão mental, ou algum interesse escuso inconfessável. Dá prá ser visto a “olho nu”. Ou se não vejamos, em Sete Lagoas a situação do abastecimento de água é cada vez mais precária. Vivemos um permanente estado de racionamento de água generalizado, nos lugares onde a água ainda não falta, o bem público só chega à noite. É uma situação histórica conhecida que se agrava logo após o período de chuvas e vem piorando ano a ano. Tal situação ocorre em função da cidade manter o abastecimento de água via subterrâneo, e hoje não consegue atender a demanda da cidade pelo simples fato de que a retirada de água do aqüífero é maior que a sua capacidade de reposição.
Bem, e agora essa administração está propondo interligar esse sistema que está a beira do apagão hídrico, como forma de acabar com a falta de água? Ora, ora qualquer cidadão minimamente informado consegue perceber que isso é uma heresia total. Segundo defendem, a idéia é que os poços que produzem mais supram, com a interligação, os poços que produzem menos. É daquelas idéias simples e erradas.
Vejam estamos numa região carstica e há uma queda na vazão de água (produção) em todas as regiões, assim que termina o período de chuvas, repito para lembrar. E prova disso é a falta generalizada de água de norte a sul; leste a oeste, em todo o município. Assim, essa dita sobra que pode até existir, em períodos chuvosos, acaba na estiagem. É construir um castelo areia, porque hoje esse poço dá água, amanhã sujou, diminuiu a vazão ou secou.
Não, não essa idéia me parece saída de alguma cabeça de mentalidade bairrista-primarista sem fundamentação técnico-cientifica, só pode. Veja, já em 1969 o engenheiro sanitarista, Sr. Fernando Otto Von Sperling, que estudou o sistema de abastecimento de água de Sete Lagoas, que já tinha problemas naquela época, recomendou que no máximo 10 anos depois a cidade partisse para captação 100% superficial, em função do risco de colapso no abastecimento via subterrâneo. Previsão que veio se concretizando ao longo do tempo com a cada vez pior situação de falta de água: hoje chegamos ao absoluto caos com a escassez de água.
Além disso, esse sistema de retirada de água do subsolo já se provou perigoso tanto pela contaminação do aqüífero, como pelos seguidos acidentes geológicos graves. Situações que tendem a se agravar ao manter essa fonte subterrânea, frente ao povoamento populacional e industrial cada vez mais intenso na cidade. Portanto, a interligação além de ser inócua como solução para caos no abastecimento de água da cidade dá sobrevida a um sistema que está condenado a acabar.
Mas alguém pode contando com o ovo dentro da galinha dizer que projeto de captação de água do Rio das Velhas no valor de setenta e poucos milhões de empréstimo, ajudaria a atender essa demanda. É mesmo? Pois se assim for para que, então, empregar uma grande parcela do dinheiro que tem no projeto do original do PAC destinação para a extensão e reestruturação de rede, numa ação diversa, como é a infraestrutura de interligação de poços? Ora, use o dinheiro para a rede – reestruturação e extensão – deixe os poços de melhor produção atendendo localmente suas regiões e vamos refazer a rede mal projeta, de canos finos, velhos e totalmente obsoleta. O Ministério das Cidades tem mandar corrigir ess projeto.
Por outro lado, existe aqueles que defendem que o Ministério da Cidades não vai aprovar o projeto de captação de água do Rio das Velhas, porque ao descobrir que a cidade – Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) – mal consegue tocar os poços artesianos locais e, por incapacidade técnica absoluta, não poderia operar uma grande e complexa ETA. O jeito, então, não seria a interligação? Pode se questionar. Não, não, a proposta de interligação dos poços é insustentável de qualquer jeito. Aliás, a captação subterrânea é inviável para Sete Lagoas.
Em síntese, a proposta de interligação das regiões baseadas na produção dos poços artesianos é primaria-artesanal, sem nenhuma sustentabilidade. Por isso, o Ministério da Cidades está certo em pedir informações para ajudar, sim, ajudar a cidade a não fazer uma bobagem. Porque essa é uma idéia maluca, que só pode ser fruto do desse governo bairrista que não admite a falência do sistema baseado em fonte subterrânea. O Ministério da Cidades, creio, vai chegar a conclusão óbvia que a interligação de poços seria um equivoco grosseiro, com total desperdício de dinheiro. Algo que a cidade só depois descobriria como uma obra fantasiosa, por ineficácia certa. Aí é tarde e o que ainda resta funcionando do sistema de abastecimento de água estaria estrangulado.
ANEXOS:
A ESTATAL MINEIRA (COPASA) DIFERENTE DO SAAE PROPOS A CAPAÇÃO 100% SUPERFICIAL, PELA MÁ QUALIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA "DUREZA", A PRENSENAÇA DE FERRO-MANGANÊS EM EXCESSO EM ALGUNS POÇOS... QUANDO NEGOCIAVA CONCESSÃO:
LINKS QUE REVELAM O GRAVE PROBLEMA DE ABASTECIMENTO ATRAVÉS DO SUBTERRÂNEO:
IRRESPONSABILIDADE 1
IRRESPONSABILIDADE 2: Editorial do Jornal Hoje Cidade, março de 2007
IRRESPONSABILIDADE 3: Não, eu não tive uma premonição
A Entrevista de Maroca - 2: O diagnóstico e o amadurecimento tardio do prefeito
Expedição pelo Rio das Velhas 2009 1 - Sete Lagoas faz parte - Apresentação, Objetivos e Programação
Sete Lagoas faz parte da Bacia do Rio das Velhas, mas não faz sua parte 2 – o conceito da sustentabilidade é insustentável em Sete Lagoas
Projeto Manuelzão em Sete Lagoas - alguns dos links de posts que escrevi sobre saneamento em Sete Lagoas
SETE LAGOAS! A COPASA É NOSSA!
CLIQUE NO VÍDEO E ASSISTA! 29/04 denunciei os indícios de corrupção no PAC-SL. falo da lista da PF e peço providências. A Câmara ignorou; a PF NÃO
O PERIGO É NÃO FAZER NADA HOJE
"Em todos os lugares do Brasil em que moramos jamais usamos uma água tão ruim."
SAAE E O CONFLITO DE INTERESSES: PÚBLICO X COMERCIAL
Pó, porque o SAAE não diz logo que hoje, Segunda-feira, é Sexta-feira, tentem quem sabe a gente não acaba acreditando...
O ATUAL projeto de captação de água no Rio das Velhas é muito ruim, mas faltou criar uma alternativa; ou Paulo Rogério certo e errado
Escola Estadual Doutor Avelar próximo ao Hipermercado Santa Helena é mais uma que sofre com a falta de água e tem que dispensar alunos, assistam
EXCLUSIVO - Diretor do SAAE diz que controle da qualidade da água é feito "no olho" e admite que água suja cai no sistema de distribuição
Sete Lagoas tem que tratar água que fornece a população, não basta “um simples procedimento de cloração”
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