Por Gabriela Guerreiro e Márcio Falcão, na Folha:
A ala do PMDB contrária à aliança do partido com o PT em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto vai trabalhar nos bastidores para que o acordo entre os dois partidos formalizado ontem à noite não saia do papel. Ao classificar o acordo com o PT de “precipitado”, os dissidentes prometem cobrar da cúpula da legenda a liberação dos seus filiados para que escolham quem apoiar na corrida à Presidência da República.
“Esse acordo é de um amadorismo incompreensível. Foi uma coisa precipitada que não respeitou a natureza do PMDB. A direção do PMDB não levou em conta o que foi adotado nas duas últimas eleições de Fernando Henrique e do Lula. Acho que o melhor seria liberar o partido até pela tendência que a legenda sempre adotou”, disse à Folha Online o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Os dissidentes defendem que o PMDB apoie o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ao Palácio do Planalto –apesar dos tucanos não terem definido o nome do candidato à Presidência. Serra disputa com o governador Aécio Neves (PSDB-MG) a indicação dos tucanos. Nos bastidores, os peemedebistas cobram a definição do PSDB para que possam pressionar a cúpula da legenda a mudar de ideia em relação ao apoio a Dilma.
“Acho que o tempo nos é favorável. O eleitor vai perceber que o Lula está exagerando se achando o dono da verdade e antecipando campanha. Isso não pode dar certo. Não acredito no crescimento da Dilma, mesmo com toda exposição ela não vai avançar”, disse Jarbas.
Na defesa da aliança com o PT, a presidente interina do PMDB, Íris de Araújo (GO) admite que o partido não terá unidade em torno de uma única candidatura. “Esse foi um pré-compromisso [com o PT]. O nosso rumo definitivo só vai sair após a convenção do partido. Nós temos que ser realistas e respeitar as vozes que vêm da base. Não é questão de cumprir ou não cumprir o compromisso. A decisão virá depois de acertos regionais”, afirmou.
Apesar de defender a candidatura do PMDB à Presidência, Araújo disse que o partido, neste momento, deve optar pela aliança com o PT. “O PMDB é o maior partido do país e não pode ser periférico nem coadjuvante e por isso eu defendo uma candidatura própria, mas não sei se esse é o momento”, afirmou.
Para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o partido deve manter a aliança firmada com o governo federal desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República. Sarney defende que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), dispute a vice-presidência na chapa de Dilma.
“Não se discute nomes ainda, é um assunto que ainda será discutido. O Temer tem todas as qualidades, mas não podemos nos precipitar antes de ouvir as bases”, disse Sarney.
Um comentário:
É um acordo que não se sustenta nas regiões, principalmente se o candidato do PSDB for o governador Aécio Neves. Aécio tem trânsito no PMDB e isto melar o acordo PT-PMDB.
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