Trabalhador das siderúrgicas de Sete Lagoas tem um piso salarial menor até que seu colega da cidade de Matozinhos. Nas constantes crises ele é dispensado sem dó pelo guseiro, que tem devido a sua sub-remuneração um baixo custo para mandá-lo embora e recontratá-lo mais tarde. Por isso, mantém o trabalhador desqualificado para outras atividades e com migalhas. Só para ter uma noção mais de 5 mil desses empregados foram colocados na rua em Sete Lagoas, na crise que afetou o setor. Reparem que na Vale o presidente Lula tomou as dores de alguns poucos demitidos, por aqui nem notou a demissão milhares. É talvez porque eles não rendem as manchetes que seus colegas das empresas renomadas.
Vamos ao caso concreto. Na região de metropolitana de Belo Horizonte o reajuste foi de 6,54%, em Sete Lagoas o Sindifer quer pagar apenas 4,45%, o INPC, quer dizer, só a inflação apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor. Se essa proposta vingar aumentará ainda mais o fosso que separa o trabalhador de Sete Lagoas para os de outros lugares. E a crise não pode ser justificativa uma vez que óbvio, o salário é pago a apenas para quem está em atividade.
Esse política salarial reflete também uma cultura que sempre subjugou o trabalho. E é por causa, também, dessa forma de relacionamento que a cidade prefere manter-se refratária a integração e a abertura. Por isso, a maior obra que precisa ser realizada nestas bandas é cultural, mais que a física, que é colossal. Tem que abrir as mentes, acabar com essa relação de trabalho que remete a cidade ao Brasil-colónia, seja na relação empregatícia ou na relação de consumo. A propósito, fiquei sabendo que de tanta reclamação dos serviços da Unimed Sete Lagoas, a CEMIG extinguiu o convênio do seu plano, a "For luz", com a empresa de assistência médica. O que isso tem a ver? Tudo, mostra que a qualidade em geral é precária, até nós serviços privados. Qual é o caminho para a mudança?
É aí que deveria entrar um governo ativo, que atuasse na atração de novos negócios, na qualificação dos empregados dessas empresas e utilizasse todos os instrumentos para buscar uma mudança de qualidade. Quem sabe até se tornar parte de grande BH. Desvantagem? Sei não, pode ser para quem quer continuar enganando o povão, como aqueles que dizem que os preços da Copasa são mais caros. Mas para quem deseja uma cidade mais desenvolvida, essa deve ser uma opção a estudar. Um ganho certo nessa integração seria: operários mais bem pagos. Ah, também vejo o contrário não ser grande BH e até formarmos a nossa própria região metropolitana. Sim, gosto muito também dessa possibilidade, já até tratei dela em conversa com a secretária estadual das Regiões Metropolitanas, mas para isso é preciso pensar grande e sair dessa mesquinharia. Se não vencermos essa mentalidade colonial o melhor é ser grande BH, porque para ser Grande Sete Lagoas é preciso ser grande na mentalidade.
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