Da Folha:
O resultado da pesquisa Datafolha surpreendeu o governo e interrompeu o otimismo exagerado na campanha da pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Para a oposição, trouxe alívio ao virtual pré-candidato tucano, o governador José Serra (SP), numa hora decisiva.
Nas palavras de um auxiliar direto do presidente Lula, a dianteira de nove pontos percentuais de Serra sobre a Dilma Rousseff "acaba com o clima de já ganhou" criado no governo.
A "surpresa", segundo integrante da cúpula do governo, é que o Datafolha mostrou resultado distinto de levantamento recente do PT. Nele, Serra aparecia à frente, mas tecnicamente empatado com Dilma.
O próprio Lula, segundo auxiliares, apresenta otimismo considerado exagerado em relação a Dilma, falando, reservadamente, em vitória no primeiro turno. O Datafolha, diz um ministro petista, trará Lula à realidade: a eleição deverá ser disputada palmo a palmo, porque Serra é um candidato forte.
Um cacique tucano diz que havia temor de que o Datafolha pudesse trazer Dilma à frente. Na pesquisa anterior, feita exatamente um mês antes, a petista encostou no tucano -diferença de cinco pontos. Agora, a oposição chega mais animada ao lançamento da pré-candidatura Serra, no dia 10 de abril.
"É bom para ninguém ficar achando que a eleição será fácil", disse o líder do partido na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE). O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), admite que o resultado da pesquisa de um mês atrás-com Serra com 32% e Dilma com 28%- era mais positivo para a ministra. Ele afirma, no entanto, que o importante agora é avaliar a pesquisa espontânea (na qual a ministra aparece com 12% das intenções de voto, contra 8% de Serra).
Para o presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), a pesquisa mostra que "Lula não tem a mão de Deus, que há diferença entre ele e a candidata".
"Sempre confiamos que quando há um candidato posto, essa realidade se coloca em números", diz o líder do DEM, Agripino Maia (RN). "Mesmo com esse nível de exposição monumental -haja vista as multas do presidente Lula- a candidata petista não cresceu", diz o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
Integrantes do PSB dizem que a estagnação do deputado Ciro Gomes na pesquisa já era esperada. "Os outros dois candidatos estão na rua, fazendo campanha. O Ciro não", diz o líder do partido na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF), que admite que, sem tempo de TV, ficará difícil para Ciro crescer.
A senadora Marina Silva (PV-AC), com 8%, ficou satisfeita "se consideramos que a exposição de mídia dos dois candidatos é abissalmente incomparável à minha e se considerarmos que eles já são candidatos desde pequenininhos e que o meu movimento de pré-candidatura só tem seis meses", afirmou.
(KENNEDY ALENCAR E MARIA CLARA CABRAL)
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