Por Carolina Freitas, Elizabeth Lopes, Ana Paula Scinocca e Silvia Amorim, no Estadão Online:
Mesmo com a relutância do governador José Serra (PSDB) em admitir sua candidatura à Presidência da República - o que deixa também em aberto o nome da legenda à sucessão no Estado -, os tucanos já se mobilizam para montar o comando de campanha para as eleições presidenciais deste ano. Há um mês, um grupo reúne-se semanalmente em São Paulo para discutir a composição da equipe e as diretrizes da campanha presidencial e estadual. O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, participa dos encontros.
Integrantes da administração pública convidados a trabalhar na campanha devem sair dos cargos até a próxima semana. A ideia é deixar tudo pronto para funcionar assim que for feito o anúncio dos candidatos tucanos ao Planalto e ao Palácio dos Bandeirantes. O prazo limite para que Serra deixe sua função encerra-se em 3 de abril. O mesmo vale para os secretários estaduais da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, e do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, que pleiteiam a indicação para a sucessão estadual.
Ainda nesta semana, o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, deve se licenciar de seu cargo de dirigente do partido e de secretário de Relações Institucionais de Serra. Ele tem participado das reuniões semanais do comando de campanha tucano. Bem relacionado com Serra e Alckmin, Lobo atuará na campanha presidencial e estadual. Segundo o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Lobo será coordenador administrativo da campanha de Serra.
Embora tenha evitado falar da campanha propriamente dita, Guerra avisou: “Após o término dessa semana ninguém mais vai ter dúvida de que ele (Serra) é candidato.”
Além de Lobo, outros colaboradores de Serra também se preparam para deixar seus postos.
É o caso do secretário adjunto de Gestão Pública, Marcos Monteiro. Atual tesoureiro do PSDB paulista, ele é um histórico colaborador na área de organização financeira das campanhas tucanas.
Conselheiro de Alckmin e Serra na campanha de 2006 e na do prefeito Gilberto Kassab (DEM) em 2008, Felipe Soutello deixou nesta terça-feira, 2, a presidência do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam), órgão do governo estadual. Soutello, que já integrou a equipe do marqueteiro Luiz Gonzales, um dos cotados para comandar a estratégia de comunicação de Serra, disse ter “motivos particulares” para deixar o cargo e preferiu não detalhar a decisão. Nos bastidores, ele já é contabilizado como um dos nomes da campanha do PSDB.
Também vão integrar o staff da campanha de Serra dois ex-secretários-geral da Presidência da República no governo de Fernando Henrique Cardoso: Eduardo Graeff e Eduardo Jorge Caldas Pereira. Este último deverá tomar frente de questões jurídicas e também foi escalado para representar o PSDB junto a emissoras de TV, que organizarão debates entre os presidenciais.
O deputado federal Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB-ES) será um dos integrantes da equipe de elaboração do programa de governo de Serra. A participação de Velloso Lucas, no entanto, poderá ficar restrita se confirmada sua candidatura ao governo do Espírito Santo. Outros nomes da campanha de Serra são os economistas Gustavo Maia Gomes, José Roberto Afonso e Geraldo Biasoto.
O núcleo político deverá ser encabeçado pelo senador Sérgio Guerra. Os senadores Álvaro Dias (PR) e Cícero Lucena (PB) também devem fazer parte da articulação política. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo de FHC, Andrea Matarazzo, também será um dos integrantes da campanha tucana. É na casa dele, em São Paulo, inclusive, que as reuniões de preparação e montagem da campanha de Serra estão sendo realizadas às segundas-feiras.
Encontros
Paralelo à montagem da equipe que vai coordenar a campanha do PSDB, tucanos do alto escalão - como o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, - têm participado de encontros com correligionários, prefeitos e membros da sociedade civil para falar dos projetos do PSDB para o País. Na semana passada, em reunião em um hotel da Capital, Goldman defendeu projetos nacionais da legenda e a capacidade do presidenciável José Serra para capitanear o País nos próximos anos.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano, também vem mantendo encontros do gênero. O secretário, que disputa a indicação para concorrer ao Senado, organizou um encontro para discutir rumos e inovações da legenda, denominado “Renovar Ideias”, com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O próximo, marcado para a semana que vem em um hotel de São Paulo, terá Alckmin como palestrante.
Na avaliação do analista político Sidney Kuntz, não adianta apenas os tucanos atuarem nos bastidores, com a montagem da equipe de campanha, sem que o presidenciável da legenda apresente oficialmente o seu nome. “Caso Serra anuncie suas pretensões, isso poderia ter algum reflexo positivo já nas próximas pesquisas”, avalia Kuntz.
Para o analista, contudo, para voltar a crescer em níveis competitivos, os tucanos precisam de um fato novo que atraia a atenção do eleitorado. “No meu entender, o melhor fato novo que poderia alavancar novamente a candidatura de Serra seria a entrada de Aécio Neves como vice em sua chapa.”
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