sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Serra acusa o governo e o PT de tentarem censurar a imprensa. E isso é verdade!


Os presidenciáveis foram convidados para o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais), que acontece no Rio. O tucano José Serra fez um duro e claro discurso contra a censura à imprensa. O tucano acusou o governo federal e o PT de tentarem intimidar a imprensa por três caminhos. O primeiro se daria pela via aparentemente legal, que ele classificou de “democracia entre aspas”. Citou o caso de três conferências promovidas pelo governo federal que pregam o controle social da mídia e defendem mecanismos típicos da censura: a Conferência de Comunicação, a Conferência de Direitos Humanos e a Conferência de Cultura.

“Quantas pessoas participam dessas conferências? Quinze mil? Vinte mil? Isso não representa o povo brasileiro. Representa um partido (…). São feitas com dinheiro público, são de um partido e de frações de um partido, do PT”. Só a Confecom aprovou mais de 600 resoluções, algumas delas propõem verdadeiros “tribunais da mídia”. Franklin Martins quer agora converter tudo em projeto de lei.

O candidato tucano apontou uma segunda via de intimidação, que é a econômica, com a ameaça, que é real, de criar restrições descabidas à publicidade de certos produtos. Por que isso intimidaria? Ora, menos receita publicitária de empresas privadas significa maior dependência dos veículos de verba pública. Maior dependência de verba pública pode significar menos independência editorial. Simples, não é?

O terceiro modo de intimidação se daria pela patrulha, exercida, em parte, por “blogs sujos”. Afirmou: “Boa parte desta estratégia não deixa de ser alimentada por recursos públicos, como, por exemplo, da TV Brasil, que não foi feita para ter audiência, mas para criar empregos na área de jornalismo e servir de instrumento de poder para um partido.“

O tucano admitiu que reclama, sim, da imprensa quando não gosta de alguma coisa, mas não “com o ânimo de censurar”. E acrescentou: “É muito diferente de ter um aparelho de Estado que se organiza para trazer sob seus desígnios o jornalismo, usar a opressão do Estado através de pronunciamentos, de pressão econômica, pressão de chantagem, pressão de patrulhamento em favor de um partido”.

Depois do discurso, Serra assinou a Declaração de Chapultepec, documento que faz a defesa da liberdade de imprensa, lançado no México em 1994 . Estava prevista a presença de Dilma para esta tarde. Marina Silva deve ir ao encontro amanhã.

Por Reinaldo Azevedo

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