Celso Martinelli De maneira espontânea o ex-secretário municipal de Saúde, Jorge Corrêa Neto, foi à reunião plenária da Câmara Municipal, terça-feira, prestar esclarecimentos sobre o real motivo de seu pedido de demissão e aproveitou para fazer um balanço de sua gestão desde que assumiu o cargo no dia 19 de março de 2010. Sua súbita saída pegou muita gente de surpresa, visto que era a pasta mais elogiada da atual administração. Segundo Jorge Corrêa, “em decorrência da distorção de valores e princípios, de divergências de visão e objetivos entre a Secretaria de Saúde e a Administração Municipal, solicitei meu desligamento em caráter irrevogável”. Os vereadores sabatinaram o secretário para pontuar os reais motivos. Jorge Corrêa não poupou críticas à ingerência e o que chamou de sabotagem do setor, principalmente, por servidores que ocupam cargo de confiança. O principal alvo foi a prima do prefeito Maroca, Solange Paiva, que ocupa a Superintendência de Urgência e Emergência da secretaria, além de dirigir o Hospital Municipal. Com 2.200 servidores na pasta, Jorge conta que assinou termo junto à promotoria pública que vetaria novas contratações. O remanejamento de funcionários foi a solução adotada para preencher cargos em aberto. A decisão teria contrariado a diretora do hospital, que alegava falta de pessoal. Dentre várias insubordinações, ele chamou de insano um caso em particular. No dia 1º de setembro foi fixado nas dependências do Hospital Municipal, um aviso de Solange Paiva, determinando que, até segunda ordem, “a central de material esterilizado não receberá o material da atenção primária devido ao número reduzido de funcionários deste setor”. A ordem era para retornar com todo material utilizado ao setor de origem. “Chega a ser insano, com a nítida intenção de desequilibrar o sistema. Colocou em risco toda população. Isso sem comunicar nada ao secretário. Em um universo de 2.200 funcionários, não conseguir remanejar ninguém para a função? Chega a ser amador. Uma afronta à população e à governança”, considera. Questionado porque não exonerou os “sabotadores”, Jorge Corrêa conta que não tinha carta branca, responsabilizando o prefeito Maroca pelos desmandos no setor. O prefeito afirmou que trata-se de uma inverdade. “Dou liberdade a todos os secretários para nomear e exonerar. Nunca barrei qualquer exoneração, sempre dou respaldo para fazê-lo. Isso não existe, não há proteção”, garantiu o prefeito. O vereador Reginaldo Tristeza (PSOL) afirmou que vai propor abertura de CPI para apurar os casos relatados pelo secretário, além do repasse de recursos do município para o Hospital Nossa Senhora das Graças a fim de oferecer serviços que a rede pública não detém. Veja a seguir o que de mais importante – e grave - falou Jorge Corrêa no plenário do Legislativo. IMPROBIDADE “A Prefeitura pegou junto ao Fundo Municipal de Saúde no dia 14 de julho de 2010 cerca de R$ 1,4 milhão para complementar a folha de pagamento. A reposição seria feita paulatinamente. No entanto, só devolveu R$ 38 mil e o prazo venceu há 60 dias. O não pagamento comprometeu a construção de 20 leitos de observação do Hospital Municipal”. REPASSE “A relação com o Hospital Nossa Senhora das Graças é difícil e marcada por muita tensão. Serviços são paralisados quando não é feito o repasse de recursos que desejam. O município compra serviços que não tem como é o caso da maternidade. No entanto, não é feita prestação de contas do que é repassado”. INCHAÇO “Mais de 50% dos servidores são contratados. Comprometi com a promotoria pública realizar concurso público. Novas contratações só em casos de extrema necessidade. Fizemos remanejamento de pessoal, o que gera inconformismo de alguma parte. Chega a ser amador, com 2.200 funcionários, não conseguir remanejar ninguém para cargos em aberto. Há gente sobrando para algumas funções e faltando para outras”. SABOTAGEM “Uma unidade do Samu chegou a ser desativada por falta de pessoal. Sem meu conhecimento, foram concedidas três férias prêmios a médicos, além de duas licenças médicas, tudo para forçar novas contratações”. PAGAMENTO ILEGAL “Cheguei a barrar pagamento de plantões não cumpridos. Houve caso em que a direção do Hospital Municipal enviou empenho para pagamento de três plantões a um médico, sendo que ele cumpriu apenas um plantão. Certamente, gostaria de acreditar que por descontrole, passaram pagamentos ilícitos”. VERBA FEDERAL “Todas as obras da Secretaria de Saúde, as novas unidades que vêm sendo inauguradas, não contam com dinheiro municipal. Todo o recurso vem do governo federal, que sequer passa pelos cofres da prefeitura. Já o Hospital Regional, o recurso é do Estado e se encontra na conta da prefeitura, sob a responsabilidade da Secretaria de Obras”. EM CAIXA “Entrego o caixa da Saúde com R$ 26 milhões. Mas isso não é dinheiro sobrando. São recursos para concluir o que está projetado para 2011”. |
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Secretário diz que saiu por ingerência e "insanidade"
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