Coordenado pelo ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, PSB de BH forma chapão com 20 partidos para reeleição no 1º turno
FLÁVIO TAVARES 19/9/2011
Lacerda (PSB) terá apoio até da comunista Jô Moraes, fruto da costura do ex-ministro Mares Guia
A três meses do prazo limite para a formação das coligações partidárias, o comando do PSB em Belo Horizonte já isolou seus principais concorrentes, montando um modelo de coalizão capaz de reeleger o prefeito Marcio Lacerda ainda no primeiro turno.
Com uma superchapa, Lacerda vai contar com os padrinhos políticos Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) juntos, outra vez, em um projeto que, pelo ritmo das negociações, terá o apoio logístico e financeiro de 20 partidos, o que garantirá ao prefeito 60% do tempo total na propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
“Estamos caminhando para isso. Fechar uma aliança ainda maior que na eleição passada”, projeta o ex-ministro e presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia. Ele voltou à cena política nacional na função de coordenador da campanha de Lacerda e como articular do partido no Estado.
Já o cérebro do time será o publicitário Cacá Moreno, dono da agência Perfil 252, amigo íntimo de Mares Guia e do prefeito Lacerda. Experiente no mundo do marketing político, onde atua desde 1994, Cacá participou da campanha vitoriosa de Lacerda em 2008 e, hoje, possui contas com a prefeitura e com a Câmara Municipal.
Em recente encontro do PSB, que reuniu petistas e tucanos em torno de Lacerda, o publicitário foi flagrado circulando com desenvoltura entre os participantes. “Não tem nada certo ainda, mas estamos conversando. Estava no médico. Como é aqui perto, resolvi dar uma passada aqui para reencontrar os amigos”, despistou o marqueteiro ao ser abordado pelo Hoje em Dia.
Na eleição de 2008, Lacerda contou com 12 partidos, incluido o PT, além do PSDB e PPS, na informalidade. Desconhecido do eleitorado, ele enfrentou sete adversários, vencendo a campanha no segundo turno, quando superou o candidato do PMDB, deputado federal Leonardo Quintão, que se coligou na ocasião com o PHS, mas que, até agora, não atraiu nenhum partido.
Aquela eleição ainda contou com o PCdoB, que entrou na disputa com a deputada federal Jô Moraes com o status de terceira força. Seduzido pela prefeitura, o partido abriu mão da disputa deste ano em troca da Secretaria de Esportes, ocupada por Zito Vieira.
Adversários no último pleito, PRTB, PSDC, PHS, PRB já pularam para o palanque de Lacerda. Já o PPS, que ensaiou lançar a candidatura da deputada estadual Luzia Ferreira, e o PTB, que ameaçou colocar o deputado federal Eros Biondini no páreo, vão declarar apoio oficial a Lacerda nos próximos dez dias.
Em negociações adiantadas, DEM e PDT estão a um passo de entrar no chapão do prefeito. Na disputa passada, os democratas lançaram o deputado estadual Gustavo Valadares em voo solo, enquanto os pedetistas foram de Sérgio Miranda ao lado do PCB.
Alinhado ao Palácio da Liberdade, o PV, ao que tudo indica, vai sustentar a candidatura do deputado estadual Délio Malheiros. Ainda navegando na performance em Belo Horizonte da ex-senadora Marina Silva, sem partido, durante a corrida presencial de 2010, a ordem nos verdes é lançar candidato próprio nas principais cidades.
Quatro vezes mais tempo na propaganda
O PSB de Belo Horizonte calcula que a coalizão em torno do prefeito Marcio Lacerda vai lhe garantir até 18 minutos do total de 30 minutos do horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Isso é o equivalente a 60% da programação, os outros 40% serão divididos entre os demais candidatos.
Pela legislação eleitoral em vigor, 20 minutos são repartidos de acordo com a representatividade da legenda na bancada federal. Os dez minutos restantes são divididos de forma igualitária para os demais concorrentes.
Como o PMDB de Minas tem a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, o pré-candidato do partido, deputado Leonardo Quintão, deve ficar com 16% do tempo, o corresponde a cerca de quatro minutos e meio de exposição na mídia eletrônica. Ou seja, o chapão terá quatro vezes mais tempo que o principal concorrente.
O PV, do deputado estadual e pré-candidato Délio Malheiros deve ficar com dois minutos e meio. Já os partidos nanicos ligados a movimentos de esquerda, que costumam lançar candidato próprio, terão pouco mais que um minuto na propaganda eleitoral.
Hegemonia não é benéfica
Cientistas políticos criticaram o modelo de coalizão presidencialista que se formou em torno da coligação que está sendo feita para garantir a reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Eles condenam a construção de hegemonia política. Para os especialistas, um amplo arco de aliança gera uma supremacia maléfica para a democracia, confunde o eleitorado e, alguns casos, pode inviabilizar gestões de governo.
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