quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CICLISTAS FAZEM HOMENAGEM A GAROTO ATROPELADO E MORTO POR CARRETA NA PAMPULHA - LAGOA, ORLA

Ciclistas homenageiam garoto atropelado por carreta e morto na Pampulha

Amigos e familiares da vítima se reuniram no local na noite desta quarta-feira onde Claiton Bernardes Cabral foi atingido pelo veículo, há uma semana; ciclistas irão pedir à prefeitura para colocar na praça uma placa em homenagem ao garoto

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PUBLICADO EM 25/09/13 - 20h44
Cerca de 200 ciclistas fizeram uma homenagem na noite desta quarta-feira (25), na orla da lagoa da Pampulha, há uma semana de morte do garoto Claiton Bernardes Cabral, de 12 anos, atropelado e morto por uma carreta na última quarta-feira (18).

Entre os presentes estavam integrantes do grupo de ciclismo que o garoto frequentava. Às 19h30, os ciclistas se encontraram em frente a Igreja São Francisco. Os esportistas e também pessoas comuns que se identificaram com a causa, saíram de frente da igreja às 20h, em direção ao local do atropelamento.
Cada bicicleta carregava uma foto do garoto, uma rosa e uma mensagem de conscientização. Essa lembrança foi entregue aos motoristas que passaram pela praça Paulo Gustavo do Vale, nbo bairro Bandeirantes, onde aconteceu o acidente.
No local, cada integrante da família estava vestido de branco, com cartazes nas mãe com frases de respeito ao trânsito. Por volta das 20h30 os ciclistas chegaram ao local onde o garoto foi atingido pela carreta. Um minuto de silêncio e orações foram feitos. Além disso, os organizadores da homenagem anunciaram que pedirão à Prefeitura de Belo Horizonte autorização para colocar uma placa em homenagem ao garoto e uma referência ao ciclismo da orla da lagoa.
A mãe de Claiton, a dona de casa Elizabeth Bernardes, de 50 anos, estava muito emocionada e não conseguiu explicar o que estava sentindo. "Agente queria que ele estivesse aqui, mas aconteceu essa tragédia", desabafou
Já o pai de Claiton, o comerciário Adão Bernardes da Silva, de 50 anos, disse que não imaginava que tantos ciclistas iriam comparecer a homenagem. "Lindo demais essa manifestação, não esperava tantos ciclistas. Eu já chorei demais. Ele era uma criança ainda. Quando chega a noite, que penso nas brincadeiras é difícil, mas ainda tenho uma filha para criar", relatou.
O amigo da criança que estava com a vítima no momento do acidente, um garoto de 13 anos, explicou o sentimento de perder um amigo. "É muito triste voltar a andar de bicicleta depois do que aconteceu. Porque você vê o colega morrer assim do seu lado, é difícil. Por mim, eu nem voltava a pedalar, mas ficar em casa pesando é pior", afirmou.
Além de homenagear o atleta, a manifestação foi uma maneira de os ciclistas chamarem a atenção para os problemas que enfrentam no trânsito. "Essa coisa de falar que ciclista tem que ir para a calçada não existe. As pessoas tem que compartilhar o espaço. É preciso criar uma campanha, porque os ciclistas também fazem parte do trânsito", alertou um dos organizadores da homenagem, o ciclista Rogério Pacheco, 41.
Essa foi a segunda homenagem. Os motoristas que passaram pela orla aprovaram a iniciativa.
Investigações
O suspeito de dirigir o caminhão que atropelou o garoto Claiton Bernardes Cabral se entregou à polícia nesta sexta-feira (20), pouco depois que o veículo envolvido no acidente foi identificado. Joel Jorge da Silva, de 56 anos, foi ouvido na tarde desta sexta-feira (20), no Detran, e liberado em seguida. Como o período de flagrante já passou e ele se apresentou espontaneamente, a Polícia Civil não pôde pedir a prisão temporária do suspeito. Durante o depoimento, o suspeito ficou o tempo todo de cabeça baixa.
Segundo o delegado, Silva já tem duas passagens pela polícia, por receptação e porte ilegal de arma. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do suspeito foi emitida em Santa Catarina e, por isso, a Polícia Civil vai solicitar informações sobre possíveis infrações de trânsito cometidas pelo motorista neste Estado.
O advogado do suspeito, Fernando de Lima, disse que a inocência de seu cliente será provada. "Ele está muito abalado. Ele não viu (o menino), ele não fez isso (o atropelamento) e vai ser provado".
Carreta estava a cinco quarteirões do local do acidente
O veículo dirigido pelo suspeito de atropelar a vítima foi encontrado na rua Ligúria, 150, no bairro Bandeirantes, guardado em um galpão que pertence ao patrão do motorista. A garagem foi encontrada após cerca de 40 horas de investigação e fica a cinco quarteirões do local do atropelamento.
A carreta foi apreendido e a perícia vai apontar se o suspeito conseguia ou não ver as placas de sinalização que proíbem o tráfego de veículos pesados na região onde a vítima foi atropelada. Em uma das peças que fica na parte traseira da carreta foram encontradas manchas de sangue, que serão analisadas.
Em entrevista a rádio Itatiaia, minutos antes de o suspeito se entregar, o delegado disse que havia presença de massa encefálica de Claiton Bernardes Cabral presa no caminhão, o que reforça a participação do veículo no atropelamento.
Família quer justiça
O pai da vítima, Adão Bernardes da Silva, de 50 anos, diz que quer justiça. "Não tenho raiva no coração, só queria que ele pagasse pelo que fez e assumisse", afirmou o comerciário.
Ele conta que, na casa da família, o clima é de tristeza. "Está terrível. A minha casa está com cheiro de enterro. A gente chora o tempo todo com saudade dele. Era um menino muito querido", disse.
Imagens
Uma equipe da Polícia Civil esteve na orla da lagoa da Pampulha um dia após o atropelamento. Os policiais analisaram imagens de uma câmera que flagrou o caminhão no local e ouviram duas testemunhas que relataram ter visto o homem fugir após atingir o garoto, em uma rotatória na praça Gustavo do Vale, no cruzamento das avenidas Otacílio Negrão de Lima e Sicília.
Nessas imagens, é possível identificar que um caminhão branco desceu a avenida Sicília, em direção à orla, cerca de uma hora depois do atropelamento (às 21h10).
Duas testemunhas prestaram depoimento à Polícia Civil afirmando ter visto o caminhoneiro fugir. Em relato à Polícia Militar, uma testemunha, que não teve o nome registrado no boletim de ocorrência, informou que o caminhoneiro foi avisado sobre o atropelamento, mas teria dito que “voltaria logo”. “Como estava escuro, ninguém soube descrever o suspeito.
O corpo de Claiton Bernardes Cabral foi enterrado no fim da tarde dessa quinta-feira (19) no cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, na região Oeste de Belo Horizonte.

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