Nova divisão de tempo de TV dá protagonismo a Pros e Solidariedade
Juntos, partidos recém-criados abocanham mais de dois minutos da propaganda eleitoral. PSD perde, mas mantém posição entre os fiéis da balança
Felipe Frazão
Bancadas do Pros e do Solidariedade na Câmara dos Deputados dão ativos para negociação de alianças (Rodolfo Stuckert/Agência Câmara)
PARTIDO | NOVA BANCADA* | TEMPO DE TV* | |
PT | 86 | 03'39''91 | |
PMDB |
71
|
03'04''83
| |
PSD |
49
|
02'13''37
| |
PSDB |
49
|
02'13''37
| |
PP |
40
|
01'52''31
| |
PR |
31
|
01'31''26
| |
PSB |
27
|
01'23''90
| |
Solidariedade |
23
|
01'12''55
| |
DEM |
21
|
01'07''87
| |
PTB |
19
|
01'03''19
| |
Pros |
18
|
01'00''85
| |
PDT |
14
|
00'51''49
| |
PCdoB |
14
|
00'51''49
| |
PSC |
13
|
00'49''15
| |
PV |
11
|
00'44''48
| |
PRB |
8
|
00'37''46
| |
PPS |
6
|
00'32''78
| |
PTdoB |
4
|
00'28''10
| |
PSOL |
3
|
00'25''76
| |
Demais |
6
|
04'17''74
| |
TOTAL | 513 | 30min | |
Fonte: Câmara dos Deputados e reportagem / *sujeito a alterações
|
Os dois novos partidos aprovados pela Justiça Eleitoral nasceram com peso relevante para definir a batalha das campanhas presidenciais no rádio e na TV, em 2014. O Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) somaram, até a manhã desta quarta-feira, 41 deputados. Juntos, os parlamentares que as siglas conseguiram arregimentar devem render um ativo de pouco mais de 2 minutos e 13 segundos de tempo de propaganda eleitoral para negociação de alianças – o que coloca as siglas como vedetes já assediadas por PT e PSDB para formar coligações.
A cota do Solidariedade é a maior entre as novas legendas: 1 minuto e 12 segundos. O partido nasceu independente, segundo o seu principal articulador, o deputado Paulinho da Força, egresso do PDT. Apesar de ter sido alvo de flerte da situação, o Solidariedade possui evidentes inclinações a fechar com a oposição à presidente Dilma Rousseff – sobretudo com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como candidato do PSDB. O tempo que o Solidariedade tem a oferecer à candidatura aecista supera o do mais leal aliado dos tucanos nas últimas eleições nacionais, o DEM, que deve ficar com 1 minuto e 7 segundos. Sozinhos, os tucanos possuem 2 minutos e 13 segundos.
O rumo do Pros, tudo indica, será o contrário do Solidariedade. O partido recebeu adesões de grupos políticos que sustentam a candidatura de Dilma, como os irmãos Cid e Ciro Gomes, do Ceará, que abandonaram o PSB e o projeto de candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos – agora apoiado pela ex-senadora Marina Silva, que não conseguiu registrar a Rede Sustentabilidade. O Pros possui mais exposição no rádio e na TV do que partidos que controlam ministérios no governo Dilma. A sigla soma 1 minuto ante 51 segundos do PDT (Ministério do Trabalho) e outros 51 segundos do PCdoB (Ministério dos Esportes) – tradicional aliado petista.
O Pros desidratou a bancada do PSB, levando principalmente deputados com base na Região Nordeste, e deixou o partido de Campos e Marina Silva com somente 1 minuto e 24 segundos de parcela no horário eleitoral, a menor exposição entre as principais pré-candidaturas ao Palácio do Planalto.
Como só perdeu um parlamentar, o deputado Domingos Dutra que trabalhava pela Rede, mas teve de ir para o Solidariedade, o PT manteve a liderança do tempo de TV com folga: quase 3 minutos e 40 segundos. O PMDB segue de perto o aliado, com 3 minutos e 4 segundos. Juntos os partidos garantem a Dilma mais de 6 minutos e, até aqui, o maior tempo de propaganda.
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O site de VEJA fez a projeção de como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dividirá o tempo de propaganda entre os partidos com base na lei eleitoral. Para chegar a essas minutagens, a reportagem usou como referência o registro de troca partidária disponível no site da Câmara dos Deputados até as 10h desta quarta-feira. A simulação, porém, ainda pode mudar ligeiramente. Os parlamentares ainda podem comunicar a troca de partido à Secretaria-Geral da Mesa do Legislativo, e as legendas têm até a segunda semana deste mês para enviar a lista oficial de filiados ao TSE.
O tribunal, por sua vez, não deu previsão de quando a tabela definitiva será publicada. O plenário só decidiu a divisão dos 30 minutos de propaganda nas eleições municipais do ano passado doze dias antes de os filmes começarem a ser veiculados na TV.
De acordo com a legislação, o espaço no horário eleitoral gratuito de 2014 será proporcional ao tamanho da bancada na Câmara conquistada nas eleições de 2010. Para partidos recém-criados, como o caso do Solidariedade e do Pros, o TSE deve fazer valer novamente a decisão que favoreceu o PSD no ano passado. O PEN está sem representantes na Câmara.
Precursor – O partido do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab obteve vitória no Supremo Tribunal Federal (STF) e criou um precedente para a mudança na interpretação da lei das eleições: a corte decidiu que as siglas novas – que não participaram do último pleito para a Câmara – terão sempre tempo de TV proporcional à quantidade de deputados que filiou até trinta dias depois de sua criação, os chamados parlamentares fundadores. O STF também deu ao PSD direito a parcela do Fundo Partidário de maneira proporcional ao tamanho de sua bancada.
Apesar de, desde 2011, ter perdido onze dos 51 deputados federais fundadores, o PSD ainda deve manter o direito sobre 49 deles, para efeito de contagem do tempo de rádio e TV. Isso deve ocorrer porque nove dos deputados fundadores entraram em legendas que já existiam antes deste ano, o que não permite a "portabilidade de votos", segundo o TSE. A bancada kassabista tem atualmente quarenta parlamentares. Dos que saíram, Ademir Camilo (MG) foi para o Pros, e Armando Vergílio (GO), para o Solidariedade.
A possível manutenção de controle do PSD sobre o tempo de TV proporcional referente aos noves deputados "infiéis" deixa o partido entre os mais cobiçados para o palanque eletrônico. O PSD terá 2 minutos e 13 segundos, mesmo tempo do PSDB. Enquanto aguardam a posição dos tucanos de São Paulo em relação à candidatura de Aécio, os correligionários de Kassab asseguram ter "independência" no Congresso Nacional e intenção de fechar acordo com Dilma Rousseff, que presenteou a legenda com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Kassab, ao mesmo tempo, mantém boas relações com o PSB, de Eduardo Campos.
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