Diversa, compacta e segura
Em São José dos Campos (SP), a ocupação dos espaços sempre foi bem planejada. O próximo passo é o aumento da verticalização da cidade
Gabriel Castro, de São José dos Campos (SP)
Expedição VEJA na cidade de São José dos Campos, em São Paulo - Jonne Roriz
Quando o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) se instalou em São José dos Campos(SP), em 1950, a cidade começou a trilhar um caminho único entre os municípios brasileiros. Não havia outro centro semelhante no país, o que naturalmente causou a distinção da cidade como capital aeronáutica nacional - e depois, da América Latina.
São José dos Campos fica a 100 quilômetros de São Paulo e tem uma topografia privilegiada, o que ajuda a explicar a instalação do ITA nessas terras. Mas o crescimento também está ligado ao histórico de planejamento do município.
A partir de 1935, por mais de duas décadas, a cidade foi uma estância sanatorial para tratamento da tuberculose. O clima de serra, a pouca distância de São Paulo e a população reduzida eram ideais para os métodos da época. Ao mesmo tempo, o receio de que a doença se espalhasse pela cidade motivou o poder estadual a criar um zoneamento bem dividido, além de avenidas largas e arborizadas para garantir a circulação de ar puro.
Da fase sanatorial, o que restou foi a tradição de organização do espaço urbano. Desde a chegada do ITA até esta quarta-feira, quando a Boeing instalou na cidade o seu primeiro centro de pesquisas na América Latina, São José dos Campos ganhou 1.700 indústrias no setor de tecnologia. Passou a abrigar fábricas de gigantes como General Motors e Petrobrás. E tornou-se a sétima maior cidade do Estado de São Paulo, com 675.000 habitantes.
O planejamento foi essencial para assegurar que, apesar do crescimento significativo e da chegada constante de migrantes, os índices de desenvolvimento se elevassem constantemente. A taxa de homicídios é menor do que a cidade americana de Boston. E a rede educacional do município é uma das melhores de São Paulo.
"São José conseguiu implantar a duras penas um ideologia de planejamento da cidade. A população cobra porque quer uma cidade ordenada e bonita", diz o secretário de Planejamento da cidade, Emmanuel Antonio dos Santos, que também é professor do ITA.
Para continuar crescendo com organização, a cidade já começou a elaborar uma nova lei de zoneamento. A saída deve ser apostar na verticalização para ter uma cidade diversa (porque haverá menos bairros isolados), compacta (porque a densidade populacional aumentará nas áreas ocupadas) e segura (porque as ruas dessas áreas serão mais movimentadas).
Ciclo de riqueza
Gabriel Castro, de São José dos Campos
Expedição VEJA na cidade de São José dos Campos, em São Paulo - Jonne Roriz
O ônibus da Expedição VEJA deixou São José dos Campos (SP) antes das 9h desta quinta-feira para o seu último trajeto: o trecho de 100 quilômetros até São Paulo, de onde nossa equipe partiu em 6 de maio.
Em São José dos Campos, nós conhecemos uma cidade voltada para a tecnologia de ponta, que exporta aviões para o mundo todo, e que ao mesmo tempo se preocupa em manter o planejamento urbanístico. Dos migrantes que chegam à cidade, a maior parte é de classe média. A existência de bons empregos é a principal explicação. A boa oferta de comércio e serviços também conta. E a localização é crucial: a cidade está a uma hora de distância tanto da capital paulista quanto do litoral norte, e a quarenta minutos de Campos do Jordão.
Das cidades visitadas pela Expedição VEJA, São José dos Campos é a que iniciou mais cedo o ciclo virtuoso gerado pela produção de riquezas. É também a maior em tamanho, com 675.000 habitantes. Por isso, muitas lições daqui (como o incentivo à inovação e o planejamento criterioso) podem ser aplicadas em outras cidades por onde nós passamos. Uma delas é a pequena Porto Real (RJ), de 17.600 habitantes, que há pouco mais de uma década se transformou na sede de grandes indústrias e agora começa a organizar seu crescimento para as próximas décadas.
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