Como uma das milhões de pessoas que queriam o fim do ciclo petista estou como estes profundamente chateado com a reeleição de Dilma. Mas também como alguém que tem consciência do que aconteceu nesta eleição sob uma perspectiva privilegiada de visão do poder e seus bastidores em Minas e acompanhou atentamente o desempenho do candidato de oposição preciso me pronunciar sobre o que vi acontecer para ajudar a impedir que reine uma versão olímpica, mistificadora e até falaciosa do desempenho do candidato Aécio Neves.
É fundamental que façamos essa análise crítica procurando ter o conhecimento real do que aconteceu evitando, dessa forma, que nos apoiemos em versões falaciosas e mistificadora que levem a cometer novamente os mesmos erros. Nesse sentido, o primeiro fato a constatar é que foi a sociedade independente do candidato Aécio Neves a grande resistência ao PT, reparem esse dado: 80% da população queria mudança Aécio foi capaz de conquistar desse montante 48%, resta de forma incontroversa com dado objetivo que o candidato da oposição não conseguiu ser o candidato da mudança para a maioria das pessoas que queriam... mudança. A questão da mudança era tão forte na sociedade que a candidata Dilma se apresentou como o novo, a mudança, e o que era para ser a mudança de verdade pareceu velho, atrasado, desbotado, para a maioria tanto dos que votaram quanto dos que não encontraram motivação nem para ir votar porque não viram na novidade aecista o novo.
Agora, vamos desvendar o que aconteceu para que a novidade que se apresentou não se transformasse na mudança que as pessoas tanto queriam e foram até para as ruas expressar esse desejo? Eu poderia começar elencando que entre os fatores para isso não ter acontecido o desempenho pessoal do candidato não entusiasmou, poderia também lembrar o que disse com precisão o publicitário Renato Pereira, que Aécio pregou para os já convertidos a votar no PSDB, mas não, eu vou começar a apresentar dados objetivos do seu programa para demonstrar que o que Aécio propunha não era tão diferente do prega o PT, ou melhor, em muita coisa é exatamente igual ao quer o PT para o país e depois avanço para outros fatores. Entre essas coisas está a reforma política onde ele propôs em seu programa (http://bit.ly/1ti5KU5) que "uma parte dos candidatos ao Legislativo [deputados, vereadores] seria eleita mediante a votação em lista definida pelo partido". Vejam o que escreveu (http://abr.ai/1wCU2F2) Reinaldo Azevedo sobre essa mesma proposta do PT: "Se os partidos aprovarem o voto em lista, estarão marcando um compromisso com o seu próprio aniquilamento — exceção feita ao PT, é claro!". Para amenizar Aécio também fala em voto distrital, mas por que não propôs o distrital puro ou misto com lista aberta ao invés de deixar uma parte ser indicada pelo caciquismo partidário? Isso revela a sua visão patrimonialista da política.
E outra proposta feita por Aécio e muito explorada por sua propaganda foi o Poupa Jovem, ou seja, mais uma bolsa social para um país que já tem e ele ia manter 1/4 de sua população sob a Bolsa Família. Que mudança é essa?, pensava o contribuinte-eleitor farto de tanto pagar a conta. Nas outras postagens trato então das outras nuances como desempenho do candidato, a falta de combatividade de sua comunicação para expor o perigo autoritário que é o PT e o desastre da gestão petista para o país, a sua biografia aristocrática equivocadamente reforçada na propaganda em contradição com sentimento de mudança das pessoas e fator Minas Gerais que concorreram para o fracasso da novidade aecista num ambiente totalmente favorável ao novo.
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